14 de nov de 2024 às 10:46
A diocese de Eldoret, no Quênia, na África oriental, abriu oficialmente um seminário propedêutico. Agora são seminários maiores para a formação de padres diocesanos no país.
Nomeado em homenagem a são Carlos Borromeu, o seminário maior dá uma oportunidade para as dioceses do Quênia inscreverem seus candidatos, que estão iniciando sua jornada ao sacerdócio num momento em que o seminário propedêutico de Santa Maria e outros seminários maiores para a formação do Clero Diocesano “não podem aceitar mais seminaristas”, disse o reitor do seminário propedêutico recém-inaugurado à ACI Africa, agência da EWTN News.
O padre Richard Mais disse que a diocese de Eldoret já solicitou a admissão de oito de seus 11 seminaristas no seminário propedêutico de Santa Maria, que a Conferência dos Bispos Católicos do Quênia (KCCB, na sigla em inglês) estabeleceu para preparar os seminaristas em espiritualidade antes que eles possam prosseguir para o estudo de filosofia.
Os oito não foram admitidos porque o Seminário Nacional de Espiritualidade está lotado, disse o padre Mais à ACI Africa.
Depois, mais três jovens disseram ter interesse em iniciar a jornada para o sacerdócio, aumentando para 11 o número de seminaristas iniciais da diocese de Eldoret no recém-inaugurado seminário propedêutico.
Desde a inauguração oficial, em 10 de novembro, duas dioceses solicitaram vagas para seus candidatos, que perderam a admissão no seminário propedêutico de Santa Maria, disse o reitor do seminário de São Carlos Borromeu à ACI Africa.
“É provável que comecemos com cerca de 20 seminaristas”, disse o padre Richard disse, ao falar que recebeu informações do seu ordinário local, dom Dominic Kimengich, sobre pedidos de cinco e três vagas, respectivamente, dos seus homólogos na diocese de Bungoma e na diocese de Kitale.
Em homilia no lançamento oficial do seminário maior São Carlos Borromeu, dom Kimengich falou sobre a razão do novo seminário propedêutico, o segundo a ser construído no Quênia depois do seminário propedêutico Santa Maria.
O bispo disse: “Nossos seminários estão lotados. Deus nos abençoou de uma forma muito especial, por isso queremos criar espaço”.
“Estamos felizes por já termos 11 jovens que vieram”, disse Dom Kimengich sobre seus seminaristas pioneiros no seminário maior São. Charles Borromeo, que sua sede episcopal estabeleceu no que antes era o instituto Kobujoi de Estudos Sociais.
Dom Kimengich, ordinário local de Eldoret desde fevereiro de 2020, disse que outras dioceses do Quênia manifestaram disponibilidade para enviar os seus seminaristas ao seminário propedêutico São Carlos Borromeu, que ele lançou oficialmente no domingo (10).
A KCCB estabeleceu o seminário propedêutico de Santa Maria para apresentar aos “candidatos ao sacerdócio a intensa formação que sofrerão enquanto se preparam para as ordens sagradas”.
A partir do seminário baseado em Molo, mantido pela diocese de Nakuru, os seminaristas maiores diocesanos passam a estudar filosofia no seminário maior de Santo Agostinho de Mabanga, da KCCB, na diocese de Bungoma, ou no seminário maior Cristo Rei, da arquidiocese de Nyeri, Quênia, que tem um instituto de teologia.
O seminário maior São Tomás de Aquino da KCCB na arquidiocese de Nairóbi e o seminário maior São Matias Mulumba Tindinyo na diocese de Eldoret são os dois seminários nacionais de teologia da KCCB.
Em 2022, o bispo de Kisumu, Quênia, dom Maurice Makumba Muhatia, disse estar preocupado com o número crescente de seminaristas maiores no país, que, segundo ele, resultou numa “pequena crise” de falta de salas nos seminários maiores diocesanos nacionais.
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Dom Makumba, então presidente da comissão episcopal de seminários (SEC, na sigla em inglês) da KCCB, disse à ACI Africa, que alguns candidatos tiveram de esperar um ano para iniciar a sua formação ao sacerdócio.
A direção do seminário propedêutico de Santa Maria de Molo teve de recusar algumas admissões devido à falta de espaço, disse dom Muhatia à ACI Africa em 3 de junho de 2022.
Dom Muhatia disse também “Temos cerca de dez (candidatos) na lista de espera; eles têm que esperar pelo próximo ano. A capacidade de Molo (Seminário) é de 75 pessoas e temos cerca de 90 admitidos”.
“Este ano temos uma pequena crise, porque não temos salas suficientes para as admissões (no seminário maior); temos uma boa crise”, disse dom Muhatia.
Mais recentemente, dom Muhatia disse em Nairóbi, capital do país, antes da visita ad limina da KCCB a Roma, que no topo da lista do que planejavam dizer ao papa estava “uma explosão de vocações”, com cada vez mais jovens manifestando o seu interesse em tornar-se padres e religiosos.
“Neste momento, todos os seminários maiores do Quênia estão lotados. Os seminários estão tão cheios que não podemos aceitar candidatos qualificados”, disse o bispo em entrevista coletiva em 14 de agosto, antes da visita ad limina de dez dias que terminou em 1º de setembro, ao dizer também que os seminários maiores lotados são “um bom sinal do crescimento da fé no Quênia”.
O presidente da KCCB disse também: “Há uma explosão de vocações sacerdotais que a Conferência dos Bispos tem que pensar sobre como dar resposta a esse grande dom da fé que vem de uma comunidade de pessoas que querem dedicar-se ao serviço de Deus”.
O nome do recém-inaugurado Seminário Propedêutico da diocese de Eldoret, no Quênia, em homenagem a são Carlos Borromeu indica um desejo, desde o início, de promover uma liderança que proponha a fé cristã com clareza e a demonstre em ação entre aqueles admitidos na instituição de espiritualidade .
São Carlos Borromeu, cuja festa a Igreja celebra em 4 de novembro, foi uma figura central do concílio de Trento e é um modelo de liderança em tempos desafiadores.
As circunstâncias de seu nascimento em 1538 poderiam facilmente ter permitido que ele fizesse parte do corrupto clero da era renascentista. Embora tenha nascido no luxo, o jovem Carlos desde cedo sinalizou a sua intenção de ir contra a corrente cultural, ao anunciar o seu desejo de servir a Igreja com sinceridade. Ele pediu aos seus nobres pais, que tinham um rendimento garantido comparável aos modernos “fundos fiduciários”, que doassem a maior parte do dinheiro do fundo aos pobres.
A atitude altruísta de são Carlos Borromeu em relação à riqueza e ao prestígio devido à sua classe social, a forma como lidou com as surpreendentes responsabilidades de ter de servir como diplomata papal e supervisor das principais ordens religiosas aos 22 anos, a sua participação e papel no décimo nono concílio ecumênico da Igreja aos 25 anos, a sua reforma e transformação da diocese de Milão, que ele encontrou em um estado de desintegração, a sua notável diligência e a vida ascética, entre outras admiráveis qualidades de liderança, devem combinar-se para inspirar os seminaristas, que passarão pelo seminário propedêutico queniano.
Em homilia na inauguração oficial do seminário maior São Carlos Borromeu, dom Kimengich descreveu um seminário como “um lugar onde jovens que foram chamados por Deus e responderam a esse chamado vêm para que possam ser formados”.
“De agora em diante, este lugar será uma verdadeira escola de amor”, disse o ordinário Local de Eldoret, ao sublinhar a necessidade do povo de Deus na diocese de envolver-se para garantir que o seminário floresça como uma “árvore de vocação” que produz “frutos de vocação”.
“Somos muito poucos. Mas com a vossa ajuda sei que este seminário se tornará verdadeiramente grande; se for a vontade de Deus, então vai crescer; e será um lugar de novas bênçãos”, disse dom Kimengich na inauguração do seminário no domingo (10).