18 de nov de 2024 às 17:13
O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, chegou hoje (18), pela manhã no Rio de Janeiro para participar do G20 (Grupo dos 20). Ele representa o papa Francisco na reunião da cúpula dos chefes de Estado e de Governo das maiores economias do mundo que ocorre hoje (18) e amanhã (19) e leu uma mensagem do papa.
Parolin leu a mensagem do papa Francisco aos líderes do G20 hoje, durante o lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza.
No início da mensagem, o papa pede que “as discussões e os resultados” da reunião do G20 no Rio de Janeiro “contribuam para o avanço de um mundo melhor e de um futuro próspero para as gerações vindouras”.
“É importante ter em mente que a questão da fome não é apenas uma questão de insuficiência alimentar, mas sim uma consequência de injustiças socioeconômicas mais amplas. A pobreza, em particular, é um fator que contribui de forma significativa para a fome, perpetuando um ciclo de desigualdades econômicas e sociais que são generalizadas na nossa sociedade global. A relação entre a fome e a pobreza é indissociável”, disse Francisco.
O papa também ressaltou que é “evidente que devem ser tomadas medidas imediatas e decisivas para erradicar o flagelo da fome e da pobreza” e “esta ação deve ser empreendida de forma conjunta e colaborativa, com a participação de toda a comunidade internacional”.
“A aplicação de medidas eficazes exige um compromisso concreto dos governos, das organizações internacionais e da sociedade no seu conjunto. A centralidade da dignidade humana, dada por Deus a cada indivíduo, o acesso aos bens básicos e a distribuição justa dos recursos devem ser prioritários em todas as agendas políticas e sociais”, destacou o papa pedindo que a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza comece “por implementar a proposta da Santa Sé – já de longa data – que apela à reorientação dos fundos atualmente atribuídos a armas e outras despesas militares para um fundo global destinado a combater a fome e a promover o desenvolvimento nos países mais pobres”.
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“Esta abordagem ajudaria a evitar que os cidadãos destes países tivessem de recorrer a soluções violentas ou ilusórias, ou que abandonassem as suas pátrias em busca de uma vida mais digna”, frisou Francisco lembrando que “a Santa Sé continuará a promover a dignidade humana e a dar o seu contributo específico para o bem comum, oferecendo a experiência e o empenho das instituições católicas espalhadas por todo o globo, para que nenhum ser humano deste nosso mundo, enquanto pessoa amada por Deus, seja privado do pão quotidiano”.
“Que Deus Todo-Poderoso abençoe abundantemente as vossas obras e esforços para o verdadeiro progresso de toda a família humana”, finalizou o papa.
Em sua chegada, Parolin foi recebido pelo arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal Orani João Tempesta junto com a assessoria do monsenhor André Sampaio. Ele será acompanhado no G20 pelo núncio apostólico no Brasil, dom Giambattista Diquattro.
“Para nós, do Rio de Janeiro, é uma oportunidade de receber o cardeal Parolin, secretário de Estado de Sua Santidade, assim como também o núncio apostólico que se encontra aqui para recebê-lo. Ao mesmo tempo, todo o Rio de Janeiro preparado para receber as autoridades mundiais para discutir assuntos importantes que, pedimos a Deus, para que ilumine todos os estadistas para que possam encontrar caminhos de paz e de fraternidade", declarou dom Orani.
O representante do papa disse à Rede Vida de Televisão que “a Santa Sé, como em todas as conferências e atividades internacionais, têm um papel como voz moral para manter vivos os princípios éticos que deveriam estar na base de todas as relações internacionais”. Ele também ressaltou que a função da Igreja é “defender o homem e sua dignidade e direitos mais básicos” e por isso, “a questão da luta contra a pobreza é a questão da paz, especialmente hoje neste mundo”.
“Se queremos ter um dever, esse é oferecer a todos um desenvolvimento justo e solidário, e assim prevenir injustiças e guerras”, disse o secretário afirmando que sua presença neste evento é para incentivar “quem se comprometeu”, em âmbito documental, a “cumprir as promessas feitas”, mas também “é um dever moral cumprir o que foi prometido, porque há muitas pessoas que esperam que a sua situação melhore”.