O pedido do papa Francisco por uma investigação sobre as alegações de que um genocídio pode estar acontecendo na faixa de Gaza gerou críticas.

Em um trecho de um livro publicado antes do Ano Jubilar 2025 e lançado no domingo (17), o papa Francisco disse que, segundo alguns especialistas, “o que está acontecendo em Gaza tem as características de um genocídio” e pediu uma investigação cuidadosa, segundo Vatican News, serviço oficial de informações da Santa Sé.

“No Oriente Médio, onde as portas abertas de nações como a Jordânia ou o Líbano continuam a ser uma salvação para milhões de pessoas que fogem dos conflitos na região: penso sobretudo naqueles que deixam Gaza em meio à fome que atingiu seus irmãos e irmãs palestinos, dada a dificuldade de levar alimentos e ajuda ao seu território”, continuou Francisco.

Yaron Sideman, embaixador de Israel na Santa Sé, rejeitou a alegação.

Sideman falou sobre os comentários do papa na rede social X no domingo (17), ao destacar o massacre de cidadãos israelenses pelo grupo terrorista islâmico Hamas em 7 de outubro do ano passado e falou sobre o direito de Israel à autodefesa.

“Houve um massacre genocida de cidadãos israelenses em 7 de outubro de 2023 e, desde então, Israel exerceu seu direito de autodefesa contra tentativas de sete frentes diferentes de matar seus cidadãos. Qualquer tentativa de chamar isso de outro nome é discriminar o Estado judeu”, disse Siderman.

O Movimento de Combate ao Antissemitismo (CAM, na sigla em inglês), coalizão global de combate ao antissemitismo, também criticou os comentários do papa, ao dizer ontem (18) que os comentários são “uma oitava frente” da guerra contra Israel.

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“O Estado de Israel enfrenta atualmente uma guerra de aniquilação (pretendida) em sete frentes, e essas observações parecem uma possível abertura de uma oitava frente vinda do Vaticano, que também pode levar ao derramamento de sangue judeu ao redor do mundo. Para um papa que parece prezar a imparcialidade e a paz, vemos que o Estado judeu mais uma vez parece ser a exceção”, disse Sacha Roytman, diretor-geral da CAM.

Em dezembro do ano passado, a África do Sul entrou com um processo contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça por supostas violações contra a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio, segundo a agência de notícias britânica Reuters. O tribunal ainda não se pronunciou sobre as acusações.

Um comitê especial da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um relatório na última quinta-feira (14) que diz que “a guerra de Israel em Gaza é consistente com as características de genocídio, com vítimas civis em massa e condições de risco de vida intencionalmente impostas aos palestinos ali”.

“Desde o início da guerra, autoridades israelenses têm apoiado publicamente políticas que privam os palestinos das próprias necessidades necessárias para sustentar a vida — comida, água e combustível. Essas declarações, junto com a interferência sistemática e ilegal de ajuda humanitária, deixam clara a intenção de Israel de instrumentalizar suprimentos vitais para ganhos políticos e militares”, disse o comitê.

O papa Francisco encontrou-se na última quinta-feira (14) com vários reféns que foram libertados recentemente depois de meses de cativeiro em Gaza. Um dos participantes, um menino, deu ao papa uma camisa de futebol com o nome de Tal Shoham, um membro de sua família que foi sequestrado junto com sua mulher, filhos, sogra, e outros parentes, segundo o Vatican News.

O grupo terrorista islâmico Hamas matou 1,2 mil pessoas e sequestrou outras 2 52 em um ataque a Israel em 7 de outubro do ano passado. Segundo a agência de notícias Reuters, autoridades de saúde palestinas dizem que Israel matou mais de 41, 5 mil pessoas em Gaza.