Dom José Luís Azcona Hermoso, bispo emérito do Marajó (PA), morreu hoje (20) aos 84 anos, em Belém (PA). Ele estava internado no Hospital Porto Dias, em cuidados paliativos. Dom Azcona foi diagnosticado com câncer de pâncreas em junho deste ano.

“Nesse momento, nossa Prelazia do Marajó enlutada louva a Deus pela vida e ministério de nosso bispo emérito e pede ao Senhor Bom Pastor, que o acolha em sua misericórdia e lhe conceda o descanso eterno”, disse nota publicada pela prelazia do Marajó, assinada pelo bispo, dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, e pelo chanceler, padre Raimundo Rafael de Souza Guedes.

Dom José Luís Azcona nasceu em Pamplona, Espanha, em 28 de março de 1940. Era religioso da Ordem dos Agostinianos Recoletos. Chegou ao Brasil em 1985. Foi bispo da prelazia do Marajó de 1987 a 2016. Mesmo após sua renúncia, continuou vivendo na ilha do Estado do Pará.

Em 2009, denunciou casos de pedofilia e exploração sexual de crianças e adolescentes no Marajó por políticos e empresários locais. A denúncia deu origem à CPI da Pedofilia na Assembleia Legislativa do Pará e no Congresso Nacional.

Em 2019, no contexto do Sínodo da Amazônia, foi uma das vozes conservadoras a se manifestar. O bispo emérito não participou do sínodo no Vaticano, mas publicou diversos artigos com críticas ao Instrumentum Laboris, ao sínodo e ao documento final.

O bispo criticou a “ausência de Cristo Crucificado” no Instrumentum Laboris, o texto de trabalho do sínodo, chamando atenção para a ausência do elemento central do anúncio evangelizador no documento. Dom Azcona também alertou sobre nenhuma menção ao pecado nos povos indígenas no documento de trabalho e defendeu o celibato sacerdotal. Também alertou para o escândalo e a idolatria causados pelo uso de imagens de Pachamama em eventos no Sínodo da Amazônia.

Em 9 de dezembro de 2023, a prelazia do Marajó informou em um comunicado que dom Azcona tinha recebido uma ligação do núncio apostólico no Brasil informando que ele não poderia mais morar no território da prelazia, sem dizer quais seriam os motivos para a decisão.

Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram

Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:

A notícia gerou uma grande mobilização. Marajoaras fizeram manifestações em diferentes locais da prelazia e nas redes sociais, onde adotaram a hashtag #FICADOMAZCONA, pedindo a permanência do bispo emérito. Instituições do Marajó também publicaram notas “de apoio à permanência de do Azcona” na prelazia.

Em 26 de dezembro, a prelazia publicou comunicado informando que o bispo emérito havia sido comunicado pela nunciatura que não precisaria mais “transferir-se da residência na qual vive atualmente”.

Em 16 de junho deste ano, dom Azcona foi internado, em Belém. No dia 27 do mesmo mês, a prelazia do Marajó comunicou que o bispo emérito tinha sido diagnosticado com câncer no pâncreas e havia iniciado o tratamento. Ele chegou a receber alta hospitalar, mas retornou ao hospital.

Durante uma internação em setembro, dom Azcona recebeu a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré no Hospital Porto Dias. Na ocasião, ele concedeu a bênção a todos os doentes. “Mãe abençoa todos os doentes do mundo, abençoa os doentes deste hospital, abençoa todos aqueles que trazem esta imagem tua Mãezinha querida, Nossa Senhora de Nazaré. E eu abençoo em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Viva Nossa Senhora de Nazaré”, disse.

O vídeo da visita de Nossa Senhora de Nazaré a dom Azcona repercutiu nas redes sociais e vários internautas pediram a intercessão da Virgem Maria pela saúde do bispo emérito.