O papa Francisco nomeou o prefeito do dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, dom Kevin cardeal Farrell, supervisor da “nova e inevitável” reforma do sistema de pensões da Santa Sé, que enfrenta um "sério desequilíbrio prospectivo".

Desde 2019, Farrell é o camerlengo da Santa Igreja Romana, cardeal que preside a câmara apostólica e desempenha a tarefa de zelar e administrar os bens e direitos temporais da Santa Sé no interregno entre a morte ou renúncia de um papa e a eleição do sucessor.

Em uma carta divulgada hoje (21) aos cardeais, prefeitos de dicastério e gerentes da Cúria Romana, o papa falou sobre a insustentabilidade do fundo de pensão da Santa Sé e disse que a solução vai exigir decisões difíceis, “sensibilidade especial, generosidade e disposição para o sacrifício por parte de todos”.

Para enfrentar os desafios, o papa disse que deu um “passo essencial” ao nomear Farrell “administrador único” do fundo.

O cardeal Farrell, de 77 anos de idade, é presidente da Pontifícia Comissão para Assuntos Confidenciais. Nascido em Dublin, Irlanda, Farrell foi bispo de Dallas, Texas, EUA, de 2007 a 2016 antes de ser transferido para Roma, e também é presidente do Pontifício Comitê para Investimentos desde 2022.

Em suas funções na comissão de assuntos confidenciais, Farrell é responsável por autorizar a confidencialidade das ações econômicas da Cúria Romana, se necessário “para o bem maior da Igreja”, segundo a constituição apostólica Praedicate Evangelium .

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Farrell também supervisiona se os investimentos da Cúria Romana estão alinhados com a doutrina social da Igreja —função para a qual foi nomeado depois da Santa Sé ser investigada por certos investimentos, incluindo a compra de um edifício de luxo em Londres, que fez a Santa Sé perder centenas de milhares de euros e levou a um julgamento criminal.

O papa Francisco disse em sua carta divulgada hoje que o fundo de pensão é uma das peças centrais da reforma financeira da Santa Sé, uma parte fundamental do projeto do papa desde que foi eleito em 2013.

“Foram realizados diversos estudos dos quais se deduziu que a atual gestão das pensões, tendo em conta os ativos disponíveis, gera um déficit importante”, escreveu hoje Francisco. “Infelizmente, o número que agora surge, na conclusão das últimas análises aprofundadas realizadas por especialistas independentes, indica um sério desequilíbrio prospectivo no fundo, cujo tamanho tende a se expandir ao longo do tempo na ausência de intervenção”.

O papa Francisco disse também que “em termos concretos”, a Santa Sé não pode “garantir a médio prazo o cumprimento da obrigação de pensão para as gerações futuras”.

Embora o papa tenha agradecido àqueles que tentaram resolver os problemas do fundo de pensão até agora, ele disse ser fundamental que a Santa Sé avance para uma nova fase "com prontidão e unidade de visão para que as ações necessárias sejam implementadas rapidamente", e pediu o apoio, a cooperação e as orações de todos.