21 de nov de 2024 às 16:04
O ativista católico de direitos humanos Jimmy Lai prestou depoimento ontem (20) em seu julgamento de segurança nacional em Hong Kong, argumentando em sua própria defesa contra as acusações de sedição contra o governo comunista chinês.
Lai é católico. Ele se converteu em 1997 e foi batizado pelo então bispo de Hong Kong, dom Joseph cardeal Zen. O cardeal esteve presente no julgamento ontem, sentado com os familiares de Lai, segundo a agência de notícias americana Associated Press (AP).
Lai, de 76 anos, foi preso pela primeira vez em agosto de 2020 sob a então recente Lei de Segurança Nacional instituída em Hong Kong pelo governo chinês. Ele enfrentou vários julgamentos desde sua prisão e foi condenado por várias acusações de reunião ilegal e fraude.
Advogados argumentaram que as acusações têm motivações políticas. Lai, através de suas várias empresas de mídia, incluindo o jornal Apple Daily, tem sido por anos uma voz pró-democracia na mídia de Hong Kong, com o próprio Apple Daily encorajando os cidadãos a participarem de várias manifestações pró-democracia ao longo dos anos.
Os escritórios foram invadidos por centenas de policiais de Hong Kong em 2021 e seus executivos foram presos.
Enquanto isso, autoridades do Partido Comunista Chinês alegam que Lai se envolveu no que eles dizem ser ativismo sedicioso, em parte por supostamente defender a independência de Hong Kong da China continental.
Em seu julgamento ontem (20), Lai negou as acusações de sedição.
“Tudo o que eu estava fazendo era levar uma tocha para iluminar a realidade”, disse Lai ao tribunal sobre suas publicações. “Quanto mais informações você tem, mais você sabe e mais livre você é”.
O publisher também negou que tivesse ordenado que o Apple Daily continuasse normalmente depois de sua prisão.
“Eu havia escrito para eles, pedindo que não corressem riscos”, disse Lai.
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O ativista ainda contestou a acusação de que tenha conspirado com o governo dos EUA em 2019, quando encontrou-se com o então vice-presidente do país, Mike Pence.
“Eu não ousaria pedir ao vice-presidente para fazer nada. Eu apenas contaria a ele o que aconteceu em Hong Kong quando ele me pedisse”, disse Lai.
O julgamento ocorreu ontem depois de outros 45 ativistas pela democracia de Hong Kong serem condenados. Todos receberam penas de até dez anos de prisão segundo a Lei de Segurança Nacional.
A prisão de Lai foi criticada por muitos países. Em dezembro do ano passado, a comissão executiva do Congresso dos EUA sobre a China instou o governo dos EUA a aplicar sanções a promotores e juízes de Hong Kong se eles não libertassem Lai.
O julgamento “é uma acusação política pura e simples e outro triste exemplo das políticas cada vez mais repressivas do governo de Hong Kong”, disse a comissão.
O padre Robert Sirico, fundador do Instituto Acton para o Estudo da Religião e da Liberdade, com sede nos EUA, disse à CNA, agência em inglês da EWTN News, em dezembro do ano passado que "[não] tem nenhuma esperança" de que o Partido Comunista Chinês deixe Lai andar livre.
"Quero ter esperança. Amo o homem. Tenho um profundo respeito por ele. Sou inspirado por sua bravura. Mas sei o que ele está enfrentando", disse Sirico.
Recentemente, o Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária da Organização das Nações Unidas (ONU) disse em um relatório que o governo chinês deveria “libertar o sr. Lai imediatamente”.
O grupo de trabalho disse que o governo deveria montar uma “investigação completa e independente sobre as circunstâncias que cercam a privação arbitrária de liberdade do sr. Lai e tomar as medidas apropriadas contra os responsáveis pela violação de seus direitos”.