24 de nov de 2024 às 01:00
A Igreja celebra hoje (24) a Solenidade de Cristo Rei, cujo sentido é “a apresentação de Jesus Cristo como centro e Senhor da história. O senhorio de Cristo na história humana, na história do universo e do mundo”, disse à ACI Digital o doutor em Liturgia, padre Geraldo Dias Buziani, da arquidiocese de Mariana (MG). Trata-se da “afirmação de que Ele, Cristo, é o princípio e o fim de todas as coisas”.
A Solenidade de Cristo Rei foi instituída pelo papa Pio XI com a encíclica Quas Primas de 11 de dezembro de 1925. “Quando foi instituída, a festa se revestia fundamentalmente de um caráter mais social no sentido de resgatar a força, o senhorio de Jesus Cristo, a força da Igreja diante de um mundo secular, do secularismo que avançava”, disse o padre Buziani, pároco de Nossa Senhora da Assunção, a catedral de Mariana, diretor de estudos e professor de Liturgia no Instituto de Teologia São José, da arquidiocese de Mariana.
“A reforma litúrgica dá um significado diferente para essa celebração sublinhando a sua dimensão escatológica do Rei e a sua consumação final”, continuou ele. A festa, portanto, afirma a “primazia do Senhor”.
O padre também ressalta que “olhar para essa solenidade, é contemplar o cume do Tempo Comum que é um tempo de maturação da vivência e do seguimento de Jesus Cristo. Aquilo que foi vivido ao longo do ano é recapitulado em Cristo afirmando o seu senhorio sobre a história”.
Com a solenidade de hoje, termina o Ano B do Ciclo Litúrgico e começa o Ano C, com as leituras do evangelho de São Lucas. O padre aconselha a “acolher o novo ciclo como um tempo de graça e de salvação”.
Para o liturgista, “a conclusão do Ano Litúrgico é momento de gratidão, de agradecer por tudo aquilo que vivemos e ao mesmo tempo recapitular todas as coisas em Cristo numa nova disposição de prosseguir num crescimento espiritual com a força do Espírito Santo”, pois o objetivo do Ano Litúrgico é “que a gente se configure cada vez mais a Jesus Cristo e nos tornemos semelhantes a Ele”.
A Solenidade de Cristo Rei é um convite a contemplar a realeza de Cristo
O Catecismo da Igreja Católica ensina no numeral 786 que “Cristo exerce a sua realeza atraindo para si todos os homens por sua morte e Ressurreição. Cristo Rei e Senhor do Universo, se fez servidor de todos, não veio para ser servido, mas para servir e para dar a sua vida em resgate por muitos”.
“Acolher no coração o sentido litúrgico e espiritual dessa solenidade”, disse o padre Buziani, “é um convite para a gente contemplar o sentido da realeza de Cristo que se dá no mistério pascal, no mistério da cruz, no esvaziamento”.
“O poder de Cristo, a realeza de Cristo se manifesta no serviço de amor ao Pai e à humanidade e é princípio da verdadeira liberdade do homem”, continuou o padre. “Viver essa solenidade significa a gente traduzir essa realeza de Cristo no nosso cotidiano”.
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Para o cristão reinar é servir
O numeral 786 do catecismo continua dizendo que “para o cristão, reinar é servir, particularmente nos pobres e nos sofredores, nos quais a Igreja reconhece a imagem do seu Fundador pobre e sofredor. O povo de Deus realiza sua dignidade régia vivendo em conformidade com esta vocação de servir com Cristo”.
Para viver bem o dia de Cristo Rei, o padre Buziani orientou os fiéis a se perguntarem: “Como estou vivendo o mandamento do amor, o mandamento do serviço, do amor aos irmãos, da atenção aos pobres?”.
Segundo ele, “no tempo de um secularismo, de um individualismo muito grande, essa capacidade de ouvir o outro, de estar com o outro, de gastar o tempo com os menos favorecidos, é uma expressão bela da realeza e senhorio de Cristo na nossa própria vida”.
A solenidade de Cristo Rei e o início do Tempo do Advento
“A proximidade de Cristo Rei com o Tempo do Advento é propícia porque nos evoca a realeza de Cristo e nos evoca a Glória, a consumação de todas as coisas n’Ele”, disse. O Advento “nos ajuda a refletir sobre isso: não desejamos uma glória presente, mas sim uma glória futura”.
“A grande característica do Tempo do Advento”, disse o padre Buziani, “é a manifestação. O Senhor que veio, o Senhor que vem e o Senhor que virá. A espiritualidade própria desse tempo é a vigilância. E a atitude fundamental da vigilância é a caridade, o amor, a união com Cristo por meio da oração que nos transfigura e nos faz assemelharmos cada vez mais ao Senhor”.
“A relação entre a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo e o início do Tempo do Advento nos reafirma que devemos viver o tempo da manifestação, o tempo da vigilância, nessa segurança, nessa força de que em Cristo nós vivemos, existimos e somos”, disse ele.
Portanto, conclui o padre, “como seguidores d’Ele nós temos que reproduzir em nós o seu Evangelho, as suas palavras, os seus ensinamentos, de um modo mais radical e fundamental, vivendo o mandamento do amor”.