São Francisco Xavier viveu a vida de um missionário, batizando dezenas de milhares de pessoas na Índia e no Japão. Na morte, ele continua se entregando à Igreja de Cristo, pois as suas relíquias oferecem consolo espiritual aos peregrinos na Itália e na Índia.

O braço direito do santo está preservado na Itália, e um dedo do pé está na Índia, depois de ter sido arrancado por uma peregrina. A relíquia mais intacta de são Francisco Xavier é o seu corpo quase inteiro, que é exposto para veneração a cada dez anos, num caixão de vidro para evitar novos incidentes.

Ao menos 12 mil pessoas reuniram-se na quinta-feira(21) no estado ocidental de Goa, na Índia, para a inauguração de uma exposição decenal dos restos mortais parcialmente incorruptos do santo. Foi o início de um evento de 45 dias em que as relíquias de são Francisco Xavier, normalmente guardadas num caixão na Basílica do Bom Jesus, são expostas na vizinha Catedral Sé para veneração.

O arcebispo de Deli, dom Anil Couto, celebrou a missa matinal na Basílica do Bom Jesus, com a presença de mais de 400 padres e bispos. Os participantes percorreram então as ruas com o caixão de vidro de quatro séculos numa carruagem até a Catedral Sé, a menos de 300 metros de distância.

A mídia local descreveu a exposição como uma oportunidade para a unidade religiosa, uma vez que muitos grupos religiosos na Índia respeitam o santo católico. Por ocasião da exposição das relíquias, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, disse que o santo é “um símbolo de paz”. Os moradores locais chamam Xavier carinhosamente de “Goencho Saib”, que significa “protetor de Goa”.

Para preparar a exposição, o governo do estado de Goa construiu 33 cabanas de peregrinos, com capacidade total para 400 pessoas por dia. Espera-se que 8 milhões de pessoas visitem as relíquias durante o período de 45 dias. A última exposição, em 2014, recebeu pelo menos 5,5 milhões de pessoas.

Embora tradicionalmente um grupo de pessoas carregue o caixão nos ombros, a exposição deste ano contou com uma carruagem elétrica, que um organizador disse estar sendo usada para evitar confusão. As autoridades de Goa colocaram mais de 700 policiais para a segurança e o trânsito.

A exposição ficará aberta até 5 de janeiro. Os peregrinos poderão visitar suas relíquias a das 7h às 18h na catedral.

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Sobre a relíquia

São Francisco Xavier (1506-1552) foi um dos primeiros jesuítas a evangelizar vastas áreas da Ásia. Ele nasceu em uma família nobre, mas sua família perdeu tudo quando ele era novo. Ainda jovem frequentou a universidade, onde o seu amigo santo Inácio de Loyola o encorajou a entregar a vida a Deus. No início, Xavier resistiu ao chamado, mas com o tempo tornou-se padre jesuíta e missionário.

Durante seus sete anos na Índia, Xavier atraiu dezenas de milhares de pessoas para a Igreja. Enquanto esteve lá, Xavier viveu de arroz e água numa cabana com chão de terra, ensinando as crianças sobre Deus e visitando os prisioneiros e os doentes. Depois, Xavier foi para o Japão, onde ensinou a primeira geração de convertidos católicos japoneses. Ele morreu de doença a caminho da China, na ilha de Shangchuan. Ele foi enterrado na ilha com suas vestes sacerdotais. O corpo de Xavier foi encontrado incorrupto depois que seus restos mortais foram exumados um ano depois da sua morte na ilha de Shangchuan em 1552. Seu corpo foi levado primeiro para Malaca e depois para Goa em 1554. Xavier foi canonizado em 1622. Sua festa é 3 de dezembro.

Os restos mortais de Xavier passaram por mais do que apenas uma mudança de local. Em 1614, seu antebraço direito foi removido a pedido do papa Paulo V. A relíquia de seu braço foi mantida em Roma desde então, exceto por uma breve visita ao Canadá, quando o braço foi carregado em uma caixa no assento de um avião por todo o Canadá.

Não foi a primeira vez que Xavier teve partes do corpo removidas. Na primeira exposição do seu corpo, em 1554, uma portuguesa, dona Isabel Carom, supostamente arrancou-lhe um dedo do pé para guardá-lo como relíquia. Segundo a história, o dedo começou a sangrar. Agora o dedo está preservado num relicário em Goa.

Outro relato anterior registrou que, ao encontrar o corpo intacto de Xavier na ilha, José Bravo, um marinheiro português, cortou um pedaço de carne do joelho de Xavier para provar ao seu capitão que os restos mortais não estavam incorruptos.

O corpo de Xavier foi exibido várias vezes depois de sua morte, mas a tradição de exibição pública com certa frequência começou depois que circularam rumores em 1782 de que o corpo de Xavier havia sido substituído pelos restos mortais de outra pessoa. A igreja fez uma exposição pública para acabar com os rumores, iniciando uma tradição de exposições em ocasiões especiais. Nas últimas décadas, a tradição tem sido observada de forma mais constante. Esta é a 18ª exposição do tipo, parte do legado de 472 anos do santo.