Um bloqueio de quase dois meses de suprimentos em partes do norte de Gaza em meio à guerra em andamento entre Israel e o Hamas está dificultando os esforços de ajuda da Catholic Relief Services, a agência católica internacional oficial de ajuda e desenvolvimento da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA.

Megan Gilbert, gerente de comunicações da CRS para a região, disse à CNA na terça-feira (26) que, desde 6 de outubro, a CRS foi forçada a pausar todas as operações no norte da Faixa de Gaza devido a ordens de evacuação e operações militares.

A CRS atendeu 2.529 famílias na área com cestas básicas e itens de abrigo de emergência antes que as operações fossem pausadas, disse.

“A CRS pré-posicionou itens na Jordânia e no Egito prontos para enviar a Gaza quando o acesso permitir, incluindo 33.874 cobertores, 8.541 barracas familiares, 4.800 kits de vedação, 9.100 kits de higiene e 4.000 cestas básicas”, disse Gilbert.

A CRS mantém sete pontos de distribuição de ajuda e quatro armazéns em Deir al-Balah e Khan Younis no sul e no norte de Gaza e na cidade de Gaza no norte. Em outubro e novembro de 2024, a CRS conseguiu levar abrigo e itens de higiene para o sul de Gaza pela primeira vez desde maio, distribuindo 1.129 kits de higiene e 1.138 barracas para famílias de Gaza.

Ao todo, a CRS e seus parceiros forneceram alimentos, abrigo e materiais de higiene, além de assistência financeira para necessidades básicas a mais de 1 milhão de pessoas em Gaza entre outubro de 2023 e setembro de 2024, diz o grupo.

O ataque surpresa do grupo radical islâmico Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023 matou 1,4 mil civis israelenses. Centenas foram sequestrados. Israel decidiu destruir a capacidade de combate do Hamas e fechou um cerco à Faixa de Gaza. Até 1º de outubro de 2024, ao menos 41.689 palestinos foram mortos e 96.625 feridos em Gaza desde outubro de 2023, diz o CRS com base em números fornecidos pelo Hamas, que controla a Faixa de Gaza.

Na Cisjordânia controlada pelos palestinos mas não pelo Hamas, 4,5 mil pessoas, incluindo 1,9 mil crianças, e 695 palestinos morreram.

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No Líbano, as hostilidades entre Israel e o grupo armado Hezbollah, milícia xiita que controla o sul do Líbano, deslocaram 142 mil pessoas no início de outubro de 2024. Tanto o Hamas quanto o Hezbollah são financiados e controlados pelo Irã.

 O CRS tem trabalhado com a Cáritas Líbano para ajudar aqueles que foram deslocados pelo conflito no Líbano, distribuindo roupas, materiais de higiene, roupas de cama e refeições quentes para famílias que vivem em abrigos coletivos. Também oferecem serviços de saúde e primeiros socorros para famílias deslocadas.

Um novo acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah entrou em vigor na manhã de ontem (27). Gilbert disse que ainda não está claro como o cessar-fogo afetará as operações da CRS no Líbano.

A CRS vem pedindo um cessar-fogo total desde o início do conflito, bem como acesso humanitário desimpedido a Gaza para entregar ajuda a civis e proteção a trabalhadores humanitários. As ordens de evacuação do exército israelense cobrem atualmente cerca de 86% de Gaza, deslocando cerca de 1,9 milhão das 2,1 milhões de pessoas de Gaza. A maioria dos moradores de Gaza enfrenta "níveis de crise de fome ou pior", com a falta de água limpa, saneamento e itens de higiene afetando particularmente as crianças da região.

A CRS está pedindo doações para ajudar "os mais vulneráveis ​​de nossas irmãs e irmãos em mais de 100 países". O grupo aumentou sua presença de funcionários em Gaza desde maio, apesar das ordens de evacuação resultarem no fechamento de alguns armazéns, pontos de distribuição e escritórios.

"Todos os funcionários da CRS em Jerusalém, Cisjordânia, Gaza e Líbano estão fisicamente ilesos. No entanto, a maioria dos membros da equipe do CRS em Gaza e suas famílias perderam parentes próximos, passaram por vários deslocamentos e estão vivendo com famílias anfitriãs ou em abrigos de emergência, barracas ou complexos da Igreja”, diz um relatório do CRS enviado à CNA, agência em inglês da EWTN.

O exército israelense disse que sua ofensiva atual tem como alvo combatentes do Hamas e que está facilitando evacuações de civis e entregas de suprimentos para hospitais, informou a BBC, rede pública de comunicação do Reino Unido. O saque por um grupo armado palestino de um grande comboio de ajuda da Organização das Nações Unidas (ONU) com mais de 100 caminhões também foi relatado na semana passada.