28 de nov de 2024 às 15:46
O papa Francisco disse hoje (28) a um grupo de teólogos que planeja visitar a Turquia para os 1.700 anos do Concílio de Nicéia em 2025.
Bartolomeu I, patriarca ortodoxo oriental de Constantinopla, antecipou que Francisco faria a viagem em comentários aos jornalistas em maio. Em setembro, ele confirmou que a viagem conjunta está prevista para acontecer no final de maio de 2025.
O Concílio de Nicéia ocorreu na cidade de Nicéia em 325 d.C., então parte do Império Romano, que hoje é a cidade de İznik, no noroeste da Turquia, a cerca de 110 km de Istambul.
“Pretendo ir para lá”, disse o papa Francisco aos membros da Comissão Teológica Internacional hoje.
O Concílio de Nicéia, disse ele, “constitui uma pedra fundamental no caminho da Igreja e de toda a humanidade, porque a fé em Jesus foi formulada e professada como luz que ilumina o significado da realidade e o destino de toda a história”.
O papa Francisco reuniu-se com a Comissão Teológica Internacional durante a sua reunião plenária no Vaticano. Ele disse que é importante que a reunião da comissão inclua a elaboração de um documento sobre “o significado atual da fé professada em Nicéia”.
“Este documento pode ser valioso, no decorrer do ano jubilar, para alimentar e aprofundar a fé dos crentes e, a partir da figura de Jesus, oferecer também insights e reflexões úteis para um novo paradigma cultural e social, inspirado justamente na humanidade de Cristo”, disse o papa.
O Concílio de Nicéia foi o primeiro concílio ecumênico da Igreja e contou com bispos de todas as regiões onde havia cristãos. É aceito pela Igreja Católica, pela Igreja Ortodoxa, pela Igreja Ortodoxa Oriental e por outras comunidades cristãs que aceitam a validade dos concílios da igreja primitiva.
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Durante o concílio, os bispos condenaram a heresia do Arianismo que negava a verdadeira divindade de Jesus Cristo. Deste concílio surgiu o Credo Niceno-Constantinopolitano, declaração dogmática dos conteúdos da fé cristã que reflete a fé recebida e admitida pelos cristãos desde as origens e que é uma das duas fórmulas do Credo recitadas na missa.
O papa Francisco disse durante um encontro com uma delegação do patriarcado ecumênico de Constantinopla em junho que desejava “de todo o coração” fazer a viagem a Nicéia para marcar o importante aniversário com Bartolomeu I.
Se ele viajar para a Turquia, viagem que ainda não foi confirmada pela Santa Sé, acontecerá em meio a um movimentado Ano Jubilar do papa.
“O Concílio de Niceia, afirmando que o Filho é da mesma substância do Pai, evidencia algo essencial: em Jesus pode-se conhecer a face de Deus e, ao mesmo tempo, também a face do homem, descobrindo-nos filhos no Filho e irmãos entre nós”, disse Francisco hoje. “Esta fraternidade, radicada em Cristo, torna-se para nós uma tarefa ética fundamental”.
“Hoje, com efeito, num mundo complexo e muitas vezes polarizado, tragicamente marcado por conflitos e violências, o amor de Deus que se revela em Cristo e doado no Espírito se torna um apelo dirigido a todos, porque aprendemos a caminhar na fraternidade e ser construtores de justiça e de paz”, acrescentou.
No seu discurso aos teólogos da comissão internacional, o papa também falou da importância da sinodalidade.
“Eu diria que chegou a hora de dar um passo corajoso: desenvolver uma teologia da sinodalidade, uma reflexão teológica que ajude, encoraje e acompanhe o processo sinodal para uma nova etapa missionária, mais criativa e audaz, que seja inspirada pelo kerygma (anúncio, em grego) e que envolva todos os membros da Igreja”, concluiu.