O termo “carreira eclesiástica”, que se refere à promoção hierárquica na Igreja, deveria ser abolido, pois o essencial é se deixar guiar pela Providência e atender às necessidades dos pobres, disse o papa Francisco hoje (28) ao receber em audiência a Família Calasancia, fundada por são Faustino Míguez e pela beata Celestina Donati, sob o carisma de são José de Calasanz, padre e educador espanhol.

No início do seu discurso, Francisco disse que o Senhor inspirou são José de Calazans, que fundou a primeira escola pública gratuita da Europa, a dedicar a sua vida “à educação dos jovens, especialmente dos pequenos e dos pobres”.

Francisco também falou sobre dois aspectos do santo espanhol que deu origem às chamadas “Escolas Pias”: a sua corajosa docilidade à Providência e o seu cuidado pelo crescimento integral da pessoa.

O papa recordou que são José provinha de uma família rica e, portanto, provavelmente estava destinado a seguir uma “carreira eclesiástica, um termo de que eu não gosto, precisamos acabar com ele”, disse o papa Francisco.

São José de Calasanz, que “chegou a Roma com cargos de certo nível”, não hesitou em mudar “os planos e as perspectivas da sua vida para se dedicar às crianças de rua que encontrou na cidade”.

Esta obra, segundo o papa Francisco, não nasceu de um programa definido e garantido, “mas da coragem de um bom sacerdote que se deixou tocar pelas necessidades do próximo, onde quer que o Senhor as colocasse diante dele”.

O papa Francisco exortou a Família Calasancia a manter nas suas decisões “a mesma abertura e a mesma prontidão, sem calcular demais, superando medos e hesitações, especialmente diante das muitas novas pobrezas dos nossos dias”.

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“Não tenham medo de se aventurar por caminhos diferentes daqueles já percorridos no passado para poder responder às necessidades dos pobres, mesmo ao custo de rever esquemas e redimensionar expectativas”, acrescentou.

Francisco também falou da importância de promover o crescimento integral das pessoas, “integrando a formação espiritual e intelectual para preparar adultos maduros e capazes”.

Ele convidou a integrar na pessoa o que chamou de três inteligências: “a da mente, a do coração e a das mãos, para que a gente pense o que sente e faz, sinta o que pensa e faz e faça o que sente e pensa”.

Para ele, é “extremamente urgente” ajudar os jovens a fazer este tipo de síntese, para “integrar a si mesmos” e aos outros, num mundo que “cada vez mais os impulsiona na direção da fragmentação de sentimentos e conhecimentos, e do individualismo nos relacionamentos”.

Ele também os animou a promover as “relações normais, olhando-se nos olhos” e não as virtuais “através do celular”.

Por fim, convidou-os a caminhar juntos “à escuta do Espírito” e a “ser família”, unindo esforços e partilhando as suas experiências “numa rede de caridade, para o serviço dos irmãos”.