7 de dez de 2024 às 15:37
O papa Francisco criou 21 novos cardeais para a Igreja Católica no consistório de hoje (7), na basílica de são Pedro, encorajando-os a “seguir o caminho de Jesus”, rejeitando as seduções do prestígio e do poder.
Os agradecimentos dos novos cardeais
Depois da procissão de entrada dos novos cardeais e da primeira invocação do papa, o cardeal Angelo Acerbi, italiano de 99 anos, dirigiu algumas palavras em nome dos novos cardeais.
Acerbi manifestou “uma profunda gratidão ao papa e um sincero desejo de servir na unidade eclesial” entre os novos cardeais e expressou o seu desejo de “olhar para o futuro com esperança e ver um mundo finalmente pacificado”.
O cardeal também manifestou mais um desejo: “nos unirmos à sua oração ao Senhor Jesus para que do seu coração brotem para todos nós rios de água viva que fortaleçam a nossa capacidade de amar e servir. Entreguemo-nos com confiança à intercessão materna da Imaculada Conceição”, cuja solenidade é celebrada amanhã, 8 de dezembro.
A criação dos 21 novos cardeais
Depois de um momento de oração, o papa Francisco anunciou a criação dos 21 novos cardeais. Ao chamar cada um dos cardeais, todos se levantaram ao escutarem os seus nomes pronunciados em latim.
Em seguida, os 21 professaram os seus votos e rezaram juntos o Credo, também em latim. Depois, cada um fez um voto de obediência e fidelidade ao papa: “Eu [nome], cardeal da Santa Igreja Romana, prometo e juro ser fiel, desde agora e para sempre, enquanto viver, a Cristo e ao seu Evangelho, sendo sempre obediente à Santa Igreja Apostólica Romana, ao bem-aventurado Pedro na pessoa do Sumo Pontífice Francisco e aos seus sucessores canonicamente eleitos; manter sempre a comunhão com a Igreja Católica em palavras e ações; não revelar a ninguém o que me é secretamente confiado, nem dar a conhecer o que possa causar dano ou desonra à Santa Igreja; cumprir com diligência e fidelidade as tarefas a que sou chamado no meu serviço à Igreja, segundo as normas do direito”.
Terminado o juramento, cada um dos cardeais recebeu, de joelhos, a biretta (chapéu), a imposição do anel no dedo anelar da mão direita e a bula de criação cardinalícia em que está seu título correspondente.
Com estes novos cardeais, o Colégio Cardinalício passa a ter 253 cardeais, dos quais 140 são eleitores.
Homilia do papa Francisco na criação dos 21 novos cardeais
Terminada a leitura do Evangelho de Marcos, em que Jesus caminha com os discípulos e lhes explica o que lhe vai acontecer na sua morte e ressurreição, e em que Tiago e João lhe pedem um lugar de honra ao seu lado, o papa fez uma advertência:
“Isso também pode acontecer conosco: que nosso coração se perca pelo caminho, deixando-se deslumbrar pelo fascínio do prestígio, pela sedução do poder, por um entusiasmo demasiado humano pelo Senhor”.
Por isso, continuou o papa, “é importante olhar para o nosso interior, colocar-nos humildemente diante de Deus e honestamente diante de nós mesmos, e nos perguntar: Para onde está indo o meu coração? Em que direção ele está se movendo? Talvez esteja indo na direção errada?".
O papa destacou que “Caminhar na estrada de Jesus significa, antes de tudo, voltar para Ele e recolocá-Lo no centro de tudo. Na vida espiritual, assim como na vida pastoral, às vezes corremos o risco de nos concentrarmos naquilo que é acessório, esquecendo-nos do essencial. Com muita frequência as coisas secundárias tomam o lugar do que é necessário, as exterioridades prevalecem sobre o que realmente importa, nos mergulhamos em atividades que consideramos urgentes, mas sem chegar ao coração".
"E, ao contrário, sempre precisamos voltar ao centro, recuperar o fundamento, despojar-nos do supérfluo para nos revestir de Cristo", continuou o papa Francisco.
O papa ressaltou: “o que deve animar o vosso serviço como cardeais é o risco do caminho, a alegria do encontro com os outros, o cuidado com os mais frágeis” e destacou que "o Senhor os chama a serem testemunhas da fraternidade, artesãos da comunhão e construtores da unidade. E essa é a missão de vocês!"
Em uma “sociedade dominada pela obsessão das aparências e pela busca dos primeiros lugares”, o papa Francisco os encorajou a caminhar juntos no caminho de Jesus “com humildade, com admiração, com alegria”.
Estes são os 21 novos cardeais da Igreja Católica
Apresentamos a lista dos novos cardeais, pela ordem em que receberam os símbolos cardinalícios. Apenas um, o primeiro, não é eleitor, os outros 20 são cardeais eleitores.
1. Cardeal Angelo Acerbi.
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2. Cardeal Carlos Gustavo Castillo Mattasoglio, arcebispo de Lima e primaz do Peru.
3. Cardeal Vicente Bokalic Iglic, arcebispo de Santiago del Estero e primaz da Argentina.
4. Cardeal Luis Gerardo Cabrera Herrera, arcebispo de Guayaquil, no Equador.
5. Cardeal Fernando Natalio Chomalí Garib, arcebispo de Santiago, no Chile.
6. Cardeal Tarcisio Isao Kikuchi, arcebispo de Tóquio, no Japão.
7. Cardeal Pablo Virgilio Siongco David, bispo de Kalookan, nas Filipinas.
8. Cardeal Ladislav Nemet, arcebispo de Belgrado, na Sérvia.
9. Cardeal Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre, no Brasil.
10. Cardeal Ignace Bessi Dogbo, arcebispo de Abidjan, na Costa do Marfim.
11. Cardeal Jean-Paul Vesco, arcebispo de Argel, na Argélia.
12. Cardeal Dominique Joseph Mathieu, arcebispo de Teerão, no Irão.
13. Cardeal Roberto Repole, arcebispo de Turim, na Itália.
14. Cardeal Baldassare Reina, vigário geral da diocese de Roma.
15. Cardeal Francis Leo, arcebispo de Toronto, no Canadá.
16. Cardeal Rolandas Makrickas, arcipreste coadjutor da basílica papal de Santa Maria Maior.
17. Cardeal Mykola Bychok, bispo da Eparquia de São Pedro e São Paulo de Melbourne, na Austrália dos Ucranianos (*Por ser de rito ucraniano, um dos ritos católicos orientais, as suas vestes litúrgicas eram diferentes e não usava biretta, mas uma espécie de cobertura de pano preto para a cabeça).
18. Cardeal Timothy Peter Joseph Radcliffe OP, teólogo inglês...
19. Cardeal Fabio Baggio.
20. Cardeal George Jacob Koovakad, arcebispo siro-malabar da Índia (*Por ser de rito siro-malabar, o mais importante rito católico oriental do país, o seu biretta é distinto e colorido de vermelho e preto).
21. Cardeal Domenico Battaglia, arcebispo de Nápoles.