O patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa OFM, disse na sexta-feira (6) que as crianças da Igreja da Sagrada Família em Gaza conhecem o papa Francisco como “o avô”.

Durante uma coletiva de imprensa na sexta-feira, organizada pela fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre Internacional, o patriarca latino de Jerusalém disse aos jornalistas que “o papa telefona todos os dias às 19h”.

“Tornou-se uma espécie de status quo”, disse o cardeal Pizzaballa, rindo. “Às vezes meio minuto, 30 segundos, às vezes mais, às vezes menos. E agora ele se tornou o avô das crianças, o papa, porque está falando. Agora sabem que ele está ligando”.

“Para a comunidade de Gaza é um apoio muito grande, psicológico, emocional e espiritual”, acrescentou.

Neste Natal, apesar da guerra e das más condições, o cardeal Pizzaballa disse que a igreja da Sagrada Família em Gaza está preparando algo especial.

“O Natal é a festa das crianças”, disse ele. “O que vamos tentar fazer, se pudermos, é introduzir não só comida, mas também alguns brinquedos. Algo que fará a diferença no dia a dia das crianças”.

A esperança é a capacidade de ver “além da realidade sombria”

Segundo o cardeal Pizzaballa, a esperança na Terra Santa no Natal é uma realidade, apesar dos múltiplos e complexos desafios das guerras em curso no Oriente Médio.

Tendo vivido na Terra Santa durante mais de 25 anos, o cardeal franciscano está bem consciente do impacto complicado e devastador da guerra e das tensões políticas sobre os cristãos e outras comunidades religiosas da região.

“Onde há esses atos de amor, amor gratuito, há esperança”, disse ele na coletiva de imprensa. “Temos que dizer muito claramente que não confundimos a esperança com a solução. Se identificamos a esperança para o futuro com a solução política [e] social para a Terra Santa, não haverá esperança porque não há solução, não a curto prazo”.

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Ao descrever a esperança como “filha da fé”, o cardeal Pizzaballa disse que só através da fé num Deus transcendente é que se tem a capacidade de ver “além da realidade sombria que estamos vivemos”.

“Sei que muitas pessoas não acreditam em mim”, disse ele. “[Mas] é uma realidade. É real".

“Encontro em todo o lado, de Gaza à Cisjordânia, de Jerusalém a Israel, em todo o lado, encontro pessoas maravilhosas que estão prontas a se comprometer, a se comprometer a fazer algo pelo outro”, continuou ele.

O poder da oração

 “Antes de tudo devemos rezar”, disse o cardeal. “Acredito no poder da oração, não porque a oração mude a situação, mas porque a oração mudará os nossos corações. E uma vez que mudamos, também nos tornamos protagonistas das mudanças para o futuro”, acrescentou o patriarca latino de Jerusalém.

Um chamado à volta dos peregrinos a Terra Santa

O cardeal Pizzaballa manifestou tristeza pelo fato de as pessoas não estarem vindo em peregrinação à Terra Santa por causa da escalada da guerra entre Israel e o Hamas desde 7 de outubro de 2023.

“É hora de voltar à Terra Santa”, disse o cardeal Pizzaballa na sexta-feira. “Neste último ano não vimos nenhum peregrino e isso arruinou a vida da Terra Santa”.

“A presença dos cristãos faz parte da nossa identidade, da identidade da Igreja”, acrescentou. “Tenham a coragem de vir porque a peregrinação é segura. Belém está aberta. Nazaré, Jerusalém, nossa cidade está totalmente segura!”

“Há esperança para o futuro”, disse ele. “Não somos uma Igreja moribunda, somos uma Igreja viva”.

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