"Há coisas que só as mulheres intuem e a teologia precisa da sua contribuição", disse o papa Francisco na audiência com os participantes do Congresso Internacional sobre o Futuro da Teologia, organizado pelo Dicastério para a Cultura e a Educação no Palácio Apostólico Vaticano.

Para Francisco, “uma teologia exclusivamente masculina é uma teologia incompleta”. Ele disse que ainda há um longo caminho a percorrer nesse sentido.

No seu discurso, o papa Francisco comparou a teologia à luz que faz “as coisas aparecerem, mas sem serem expostas”, pois faz “um trabalho escondido e humilde, de modo que a luz de Cristo e seu Evangelho possa emergir”.

Francisco deu um conselho a cada um dos teólogos presentes: “buscar a graça e permanecer na graça da amizade com Cristo, a verdadeira luz que veio a este mundo. Toda teologia nasce da amizade com Cristo e do amor por seus irmãos, suas irmãs, seu mundo; este mundo, dramático e magnífico ao mesmo tempo, cheio de dor, mas também de beleza comovente”.

O papa Francisco também articulou o seu discurso em torno de um desejo e de um convite que transmitiu aos presentes.

Curar a própria simplificação das ideologias

O desejo é que “a teologia ajude a repensar o pensamento”, uma vez que molda a maneira como pensamos, os sentimentos, a vontade e a tomada de decisões.

Ele pediu para “curar a simplificação” típica das ideologias que “achatam tudo”, diante de uma realidade que é complexa. “Quando não se consegue ou não se quer lidar com o drama dessa complexidade, facilmente se tende a simplificar”, disse o papa.

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Citando a constituição apostólica Veritatis Gaudium publicada por ele mesmo em 2018, o papa Francisco disse que o antídoto para a simplificação é “a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade, que permitem fermentar a forma do pensamento teológico junto com a de outros conhecimentos porque são como os sentidos do corpo: cada um tem sua especificidade, mas precisam um do outro”.

“Ao ajudar a repensar o pensamento, a teologia voltará a brilhar como merece, na Igreja e nas culturas, ajudando todos e cada um na busca da verdade”, concluiu o papa.

Fazer a teologia acessível

O papa Francisco disse que a teologia tem que ser “acessível a todos”, especialmente porque “há alguns anos, em muitas partes do mundo, existe um interesse entre os adultos em retomar a sua formação, incluindo a formação acadêmica. Homens e mulheres, especialmente de meia-idade, talvez já formados, desejam aprofundar a sua fé, querem fazer um caminho, muitas vezes matriculam-se numa faculdade universitária”.

Francisco disse que se trata de um “fenômeno crescente” que relacionou com o fato de que na meia-idade, além de alcançar geralmente uma certa segurança e solidez emocional, “os fracassos são sentidos de forma mais dolorosa e como resultado surgem novas perguntas à medida que os sonhos da juventude desmoronam”.

“Nesta fase”, acrescentou, “é possível sentir uma sensação de abandono e, às vezes, a alma se bloqueia.  Sente-se a necessidade de retomar uma busca, talvez tateando, talvez sendo segurado pela mão, e a teologia é esta companheira de viagem!”.

O papa Francisco encorajou aqueles que procuram “encontrar na teologia uma casa aberta, um lugar onde possam retomar o caminho, onde possam procurar, encontrar e procurar novamente. Preparem-se para isso. Imaginem coisas novas nos programas de estudo para que a teologia seja acessível a todos”.