Na Serra do Espinhaço, no Norte de Minas Gerais, está a cidade de Grão Mogol, que tem o maior presépio permanente a céu aberto do mundo. É o Presépio Natural Mãos de Deus, de 3,6 mil m², idealizado pelo empresário Lúcio Marcos Bemquerer, que morreu em 2021, e doado à arquidiocese de Montes Claros (MG).

Grão Mogol é conhecida como a cidade das pedras, com seu calçamento e construções em pedras, como a igreja de Santo Antônio. A paisagem natural é um atrativo turístico. Foi observando esse cenário que o empresário Lúcio Bemquerer teve a ideia de construir o presépio.

“Ele é um filho de Grão Mogol que ficou mais ou menos 20 anos ausente da cidade. E passou um tempo e retornou à sua cidade natal”, contou à ACI Digital o condutor de turismo de Grão Mogol, Paulo Henrique Silva.

Segundo Silva, Bemquerer comprou “uma casa centenária”, da qual ele tinha “uma visão muito bonita da Cordilheira do Espinhaço”, de “um amontoado rochoso, com as pedras aflorando na serra”. “Ele sentou um belo dia e, olhando para lá, pensou: ‘nossa, como dá um belo presépio’. Aí, eu acho que ele refletiu um pouco mais e falou assim: ‘não, não dá um belo presépio, já é um belo presépio e, se já é um belo presépio, só pode ter sido feito por mãos poderosas’”, por isso, “Mãos de Deus”.

Bemquerer adquiriu um terreno para construir o presépio. “Ele comprou quatro lotes lá. Depois, viu que não ia dar e comprou mais dois”, disse Silva.

O complexo do presépio tem “72 metros de frente, 50 metros de fundo e 30 metros de altura”, disse o condutor de turismo. É o “maior presépio permanente a céu aberto do mundo”, garante.

Presépio Natural Mãos de Deus. Paulo Henrique Silva
Presépio Natural Mãos de Deus. Paulo Henrique Silva

O presépio tem 15 imagens “em tamanho natural”, algumas foram feitas em pedra-sabão e outras moldadas em cimento. Cada imagem em pedra-sabão pesa “aproximadamente de 700 a 800 kg”, disse Paulo Henrique Silva.

Ele contou que Bemquerer costumava dizer que o cenário já estava pronto e que ele só fez o acesso, colocou o gradil, o piso. As imagens são obras dos artistas mineiros Edson Novaes e Antônio da Silva Reis.

A obra custou “quase um milhão de reais” e foi inaugurada em 9 de dezembro de 2011. O presépio foi doado à arquidiocese de Montes Claros em 2018.

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O condutor de turismo Paulo Silva contou que, no local, “em um primeiro ponto, você vai ver o palco”. Mais à frente, “há as estações”. “O primeiro ponto é onde tem o anjo de Gabriel, em cima da rocha, anunciando à Virgem Maria. Um pouco mais à frente, você vai ver os três reis magos, em pedra-sabão”, disse.

“À esquerda, tem uma sala ecumênica, onde tem água benta, onde as pessoas gostam muito de meditar. À direita, você vai ver a gruta da manjedoura, que é uma lapa mesmo, uma gruta que já existia ali, onde está o menino Jesus”, contou. Próximo à gruta, “também tem outras imagens, como o pastorzinho, o burro”.

Silva disse que “um pouco mais adiante”, há “uma sala de prece, que é a sala de Nossa Senhora das Graças”. E, “mais acima”, há o mirante, com uma “bela vista” da região.

O presépio conta também com a imagem de são Francisco de Assis, o santo que em 1223 montou o primeiro presépio da história, em Greccio, Itália.

Presépio Natural Mãos de Deus iluminado à noite. Marina Froes
Presépio Natural Mãos de Deus iluminado à noite. Marina Froes

O condutor de turismo contou que Lúcio Bemquerer “recebeu uma carta do papa Francisco abençoando-o e a todas as pessoas que visitaram e que vão visitar ainda” o local. “Eu falo, para você ver, que chegou até o Vaticano. Então, olha a importância dessa obra de Grão Mogol”, disse.

Para Paulo Henrique Silva, o Presépio Natural Mãos de Deus “tem um significado muito especial” para Grão Mogol. “Porque quando falamos de Natal, principalmente, a primeira coisa que vem à cabeça é o presépio”, disse.

“Então, quando as pessoas vêm aqui e veem aquela obra magnífica e tão grande, ficam impressionadas”, disse. “Tem pessoas que choram, que se sentem muito bem por estar em um local muito calmo”, disse Silva, para quem o presépio é um “monumento de fé e de natureza”.

“Nascido e criado em Grão Mogol”, Paulo Henrique Silva disse se sentir “muito privilegiado” por poder trabalhar e levar as pessoas “para conhecer um pouco mais dessa grande obra”.