A Islândia celebra hoje (23) seu padroeiro, são Torlaco, ou Thorlak Thorhallsson.

Embora a assembleia nacional da Islândia o tenha declarado santo em 1198, só cinco anos depois de sua morte, essa canonização só se tornou oficial graças ao papa são João Paulo II declará-lo padroeiro do país em janeiro de 1984.

Torlaco nasceu em 1133, menos de dois séculos depois de missionários alemães e noruegueses começarem a primeira evangelização efetiva da Islândia. A conversão da nação pagã foi uma luta nacional dramática, porque muitos islandeses se apegavam ferozmente ao paganismo ancestral, que envolvia adoração de ídolos e infanticídio.

A Igreja estabeleceu-se solidamente na Islândia na época do nascimento de Torlaco. No entanto, havia muita desordem: o clero local desconsiderava o celibato e vendia cargos na Igreja para ganho pessoal.

Os pais de Torlaco, mal conseguindo ganhar a vida como fazendeiros, notaram os talentos do filho e se esforçaram para que ele recebesse instrução religiosa de um padre local. Torlaco foi ordenado diácono antes dos 15 anos e se tornou padre aos 18 anos.

Depois, ele foi estudar teologia na França e na Inglaterra. Nesse tempo, ele se comprometeu a viver pela regra monástica de santo Agostinho, uma parte importante da tradição da Igreja ocidental. Essa regra comprometia um padre não só com o celibato, mas também com uma vida em comunidade sem posses pessoais, como os apóstolos nos primeiros dias da Igreja.

Inspirado por essa visão de discipulado radical, ele se manteve firme na disciplina do celibato clerical, mesmo depois de voltar à Islândia e ser pressionado a se casar com uma viúva rica. Em vez disso, ele fundou um mosteiro agostiniano, que se tornou lugar renomado de oração e estudo.

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Dez anos depois do mosteiro ser fundado, o arcebispo norueguês Augustine Erlendsson, outro seguidor da antiga regra de vida agostiniana, chamou Torlaco para ser bispo da diocese islandesa de Skalholt. Embora ele fosse profundamente apegado ao seu modo de vida monástico, Torlaco reconheceu a necessidade urgente de reforma e orientação entre o clero.

Como bispo, ele se dedicou profundamente a implementar as reformas da Igreja ocidental às quais o papa são Gregório VII deu início no século anterior, que previam não só uma disciplina rigorosa de celibato clerical, mas também a independência da Igreja contra a intrusão de autoridades seculares.

Torlaco também buscou melhorar a moralidade pública e ousou confrontar o chefe mais popular e poderoso da Islândia, que teria tido um caso extraconjugal com a irmã do bispo. Torlaco ansiava por voltar à vida monástica. Mas ele morreu em 23 de dezembro de 1193 como bispo.

São Torlaco foi, sem dúvida, o santo nativo mais popular da Islândia no período católico do país. Mais de 50 igrejas foram dedicadas à sua memória antes que a Islândia se tornasse oficialmente luterana no século XVI.

Hoje, a antiga diocese de Skalholt, em St. Thorlak, faz parte da diocese de Reykjavik, capital do país, que só foi estabelecida em sua forma atual em 1968.

Embora a Igreja não tenha mais uma grande presença na Islândia, a celebração da festa de são Torlaco persistiu como um costume nacional generalizado. Os islandeses celebram 23 de dezembro como o último dia de preparação antes do Natal e mantiveram o costume de se reunir para comer peixe curado.