3 de jan de 2025 às 16:27
O presidente dos EUA, Joe Biden, deu ontem (2) a Presidential Citizens Medal, uma das maiores condecorações civis que um americano pode receber, a uma ativista pró-aborto e dois defensores de uniões homossexuais.
A medalha é concedida a americanos que "realizaram atos exemplares de serviço para seu país ou seus concidadãos", segundo comunicado à imprensa (link em inglês) da Casa Branca divulgado ontem. Os ativistas pró-aborto e a favor de uniões homossexuais foram três das 20 pessoas a receber a honraria em cerimônia ontem na Casa Branca.
“O presidente Biden acredita que esses americanos estão unidos por sua decência básica e comprometimento em servir aos outros”, diz o comunicado de imprensa da Casa Branca. “O país é um lugar melhor por causa de sua dedicação e sacrifício”.
Biden, o segundo presidente católico dos EUA, está há muito tempo em desacordo com a doutrina da Igreja sobre a santidade da vida humana e sexualidade humana. No ano passado, Biden deu a Cecile Richards, ex-presidente da Planned Parenthood, maior multinacional de abortos do mundo, a mais alta honraria civil dos EUA, a Medalha da Liberdade.
Outros destinatários nomeados incluem ativistas de direitos civis, legisladores e veteranos.
Eleanor Smeal, ativista pró-aborto
A ativista feminista Eleanor Smeal, presidente da Feminist Majority Foundation (Fundação Maioria Feminista), ex-presidente da National Organization for Women (NOW, Organização Nacional pelas Mulheres), ganhou ontem a Presidential Citizens Medal.
Enquanto era presidente da NOW em 1986, Smeal liderou a primeira marcha nacional pelos direitos ao aborto em Washington, D.C., com mais de 100 mil manifestantes, segundo a Feminist Majority Foundation. Ela fez campanha pela Equal Rights Amendment (Emenda de Direitos Iguais) e criticou leis pró-vida que restringem o aborto.
Smeal, nascida em uma família católica, criticou a Igreja pela doutrina sobre a santidade da vida, a oposição ao controle de natalidade e a doutrina sobre a sexualidade humana, que aceita apenas os atos sexuais que podem gerar vida entre pessoas casadas.
Em 1987, Smeal foi presa em um protesto na nunciatura apostólica da Santa Sé, espécie de embaixada da Santa Sé, nos EUA, no qual manifestantes criticaram a doutrina da Igreja sobre homossexualidade, aborto e controle de natalidade, segundo o jornal americano Washington Post.
“Por causa do meu sexo, sou de segunda classe para sempre na minha Igreja”, disse Smeal à época. “Por causa do meu sexo, eu poderia ter sido condenada à morte em tenra idade” se desobedecesse à proibição da Igreja sobre controle de natalidade. O que não é verdade e nunca aconteceu. Os métodos artificiais de controle de natalidade, proibidos pela Igreja, são produtos da indústria médica que datam dos anos 1960.
Quando o presidente republicano George W. Bush nomeou o católico Samuel Alito para a Suprema Corte dos EUA em 2005, Smeal disse que "a maioria da corte seria de católicos romanos, o que sub-representaria outras religiões, para não mencionar os não crentes".
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Mary L. Bonauto, ativista a favor de uniões homossexuais
Uma das advogadas que defendeu a união homossexual na Suprema Corte dos EUA, Mary L. Bonauto, também recebeu ontem a Presidential Citizens Medal.
Bonauto, que também foi criada como católica, é diretora sênior de direitos civis e estratégias legais da organização GLBTQ Legal Advocates and Defenders (GLAD, Advogados e Defensores Legalis GLBTQ). Ela defendeu clientes nos Estados de Michigan e Kentucky que desafiaram proibições estaduais a uniões homossexuais.
Em 2015, a Suprema Corte dos EUA decidiu por cinco votos a quatro que proibições estaduais a uniões homossexuais violam a cláusula de proteção igualitária da 14ª emenda da Constituição dos EUA e forçou todos os 50 Estados do país a dar licenças de casamento a uniões homossexuais.
Antes da decisão da Suprema Corte dos EUA, Bonauto também defendeu uniões homossexuais em processos judiciais nos Estados de Vermont, Massachusetts, Connecticut e Maine.
“Seus esforços uniram milhões de famílias e forjaram uma união mais perfeita”, diz o comunicado à imprensa da Casa Branca referindo-se à união dos Estados que formam os EUA.
Bonauto também escreveu um amicus curiae em favor da recusa da cidade Filadélfia, no estado da Pensilvânia, em contratar a agência Catholic Social Services (Serviços Sociais Católicos) por causa de sua política de não colocar crianças sob a guarda de duplas homossexuais. A Suprema Corte dos EUA apoiou a Catholic Social Services com base na liberdade religiosa.
Evan Wolfson, defensor de uniões homossexuais
Biden também deu a Presidential Citizens Medal a Evan Wolfson, advogado e fundador da organização Freedom to Marry (Liberdade para Casar), que defendeu a legalização nacional de uniões homossexuais.
“Por 32 anos, começando com uma tese visionária na faculdade de direito, Evan Wolfson trabalhou com foco singular e otimismo incansável para mudar não só a lei, mas a sociedade — sendo pioneiro em um manual político para a mudança e compartilhando suas lições, mesmo agora, com inúmeras causas em todo o mundo”, diz a declaração da Casa Branca.
Wolfson também foi advogado em um processo no Havaí contra a proibição do Estado a uniões homossexuais na década de 1990, segundo a Freedom to Marry. Ele trabalhou em vários outros casos legais em favor dos direitos legais para homossexuais e em casos relacionados ao HIV e à AIDS, segundo a organização.
Ativistas dos direitos civis, legisladores e veteranos recebem medalhas
Biden também deu a Presidential Citizens Medal a outras 17 pessoas, incluindo ativistas de direitos civis, legisladores e veteranos de guerra.
A cerimônia incluiu um prêmio póstumo para Collins J. Seitz, o primeiro juiz a integrar uma escola pública branca, que o comunicado de imprensa da Casa Branca disse que "derrubou paredes de separação para nos ajudar a ver uns aos outros como compatriotas americanos".
Outra medalha póstuma foi para Louis Lorenzo Redding, advogado negro que argumentou contra a segregação racial em dois casos, que "[estabeleceu] a estrutura legal para Brown v. Board of Education", segundo a Casa Branca.
Biden também deu uma medalha à ex-senadora republicana Nancy Kassebaum, que representou o Estado do Kansas de 1978 a 1987 por “apoiar o direito da mulher de escolher [e] reformar a assistência médica”, entre outras coisas. Kassebaum, com outros 18 republicanos, se opôs a uma emenda constitucional em 1983, que permitiria que os Estados dos EUA aprovassem leis restringindo o aborto.
O presidente Biden também deu a medalha a legisladores que serviram no comitê seleto da Câmara dos EUA no ataque ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2019, incluindo a ex-deputada republicana Liz Cheney e o deputado democrata Bennie Thompson.
Biden também deu uma medalha a Thomas J. Vallely, veterano da guerra do Vietnã que ajudou a restaurar as relações com o país depois da guerra; e Diane Carlson Evans, enfermeira do exército dos EUA na guerra do Vietnã que fundou a Vietnam Women's Memorial Foundation (Fundação Memorial das Mulheres do Vietnã).