Shigemi Fukahori, católico japonês que sobreviveu à bomba atômica lançada em Nagasaki em 1945 e foi um defensor da paz, morreu na última sexta-feira (3), aos 93 anos.

Fukahori morreu em um hospital em Nagasaki, segundo a catedral de Urakami, que fica na cidade. A agência de notícias americana Associated Press (AP) noticiou sua morte no último domingo (5).

A catedral de Urakami foi destruída na explosão atômica de 9 de agosto de 1945 e foi reconstruída em 1959.

Por grande parte de sua vida, Fukahori “rezou quase diariamente” na catedral, informou a AP.

Fukahori tinha 14 anos quando a bomba caiu na cidade. Ele trabalhava num estaleiro a vários quilômetros do centro da explosão.

Por anos ele não falou sobre a experiência que viveu. Um encontro casual com uma vítima do bombardeio de Guernica, Espanha, em 1937 “o ajudou a se abrir”, disse a AP.

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Cartão postal do serviço memorial na catedral católica romana de Urakami, em Nagasaki, Japão, em 23 de novembro de 1945. Prefeitura de Nagasaki (長崎市役所), Domínio público, via Wikimedia Commons
Cartão postal do serviço memorial na catedral católica romana de Urakami, em Nagasaki, Japão, em 23 de novembro de 1945. Prefeitura de Nagasaki (長崎市役所), Domínio público, via Wikimedia Commons

“No dia em que a bomba caiu, ouvi uma voz pedindo ajuda. Quando me aproximei e estendi minha mão, a pele da pessoa derreteu. Ainda me lembro de como foi isso”, disse Fukahori à rede de televisão japonesa NHK em 2019.

Fukahori, cujo funeral estava marcado para ontem (6) na catedral de Urakami, conheceu o papa Francisco naquele mesmo ano e o presenteou com uma coroa de flores quando o papa visitou o Japão.

Em 2020, numa cerimônia no Japão, o defensor da paz disse: “Estou determinado a enviar nossa mensagem para fazer de Nagasaki o último lugar onde uma bomba atômica terá sido lançada”.

Fukahori disse à NHK que os efeitos da bomba “não foram só daquele momento — ainda estamos sofrendo”.

“Os humanos são fracos, então tendemos a ser gananciosos. Mas ser egoísta não traz paz”, disse Fukahori.