9 de jan de 2025 às 09:31
O padre Joseph Guo Fude, dos missionários do Verbo Divino, morreu no último dia 30 de dezembro, dois meses antes do seu 105º aniversário. Ele era um dos poucos padres católicos restantes na China a ser ordenado antes do estabelecimento da República Popular da China.
“O padre Guo é um símbolo da fé corajosa e do sofrimento extraordinário dos católicos da China”, diz Benedict Rogers, ativista de direitos humanos e autor de “ The China Nexus: Thirty Years in and Around the Chinese Communist Party's Tyranny ” (O nexo com a China: trinta anos dentro e em torno da tirania do Partido Comunista Chinês, em tradução livre), à CNA, agência em inglês da EWTN News.
Rogers diz que, embora o padre tenha “passado um quarto de século na prisão”, ele continuou servindo e ministrando ao seu povo aos seus 90 anos de idade.
“Ele tratou a prisão não como a dura injustiça que era, mas como uma oportunidade de crescer na fé, espiritualidade e oração”.
Segundo a AsiaNews, agência de imprensa do Pontifício Instituto para as Missões Estrangeiras que noticiou a morte do clérigo chinês, Guo passou um total de 25 anos na prisão em sua vida.
“Olhando para a minha vida, a prisão se tornou um lugar onde eu podia refletir, orar e crescer espiritualmente... Minha prisão me deu força para enfrentar os desafios da vida e continuar a servir a Deus, sabendo que cada provação era parte de seu plano divino”, escreveu o padre Guo ao completar 100 anos. “Minha experiência na prisão me ensinou que as riquezas terrenas são efêmeras, enquanto a fé em Deus é a única riqueza verdadeira”.
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Nascido em fevereiro de 1920, Guo foi ordenado sacerdote em 1947. Ele foi preso pela primeira vez em 1959 por "atividade subversiva contra o Estado". Ele foi preso uma segunda vez de 1967 a 1979 por acusações de espionagem e novamente em 1982 "por espalhar a fé", segundo a AsiaNews.
“Ao refletirmos sobre a vida notável e inspiradora do padre Guo, aproveitemos essa oportunidade para orar pela Igreja perseguida na China, defender a liberdade religiosa e sermos guiados pelo exemplo de fé persistente, determinada, firme e desafiadora do padre Guo diante da repressão brutal”, disse Rogers.
Em outubro passado, a Santa Sé renovou seu acordo com a China sobre a nomeação de bispos por mais quatro anos. Apesar da aparência de relações mais amigáveis na superfície, um relatório publicado em outubro do ano passado pela organização conservadora Hudson Institute descobriu que a “repressão religiosa da Igreja Católica na China se intensificou” desde que o acordo entrou em vigor em 2018.
“A história do Padre Guo é típica de clérigos católicos que viveram nos anos de Mao. Todos eles parecem ter passado muitos anos em prisões e campos de trabalho e sofrido muito”, disse Nina Shea, especialista em política do Hudson Institute, à CNA. Mao Tsé Tung foi o ditador comunista da China de 1949, ano da Revolução, até sua morte em 1976.
Shea relatou recentemente (link em inglês) a situação de dez bispos que enfrentaram perseguição nas mãos do Partido Comunista Chinês (PCCh). As injustiças no relatório incluem “detenção indefinida sem o devido processo, desaparecimentos, investigações policiais de segurança sem fim definido, banimentos de suas dioceses ou outros impedimentos aos seus ministérios episcopais, incluindo ameaças, vigilância, interrogatório e a chamada reeducação”.