Papa aceita renúncia de bispo investigado por ordenações com rito pré-Concílio Vaticano II

9 de jan de 2025 às 13:18

O papa Francisco aceitou na terça-feira (7) a renúncia antecipada do bispo de Fréjus-Toulon, França, dom Dominique Rey, depois de anos de investigação da Santa Sé sobre a ordenação de clérigos usando livros litúrgicos pré- concílio Vaticano II.

Dom François Touvet, nomeado bispo coadjutor da mesma diocese em novembro de 2023, sucedeu a Rey de forma automática.

Dom Rey, responsável pela diocese desde 2000, disse na terça-feira que foi informado recentemente pelo núncio, embaixador do papa na França, que o papa Francisco queria que ele apresentasse sua renúncia depois de tê-lo encorajado a não renunciar em dezembro de 2023.

Embora dom Rey tenha dito que não sabe o que mudou no ano seguinte, o bispo diz que “diante de mal-entendidos, pressões e polêmicas que ainda são prejudiciais à unidade da Igreja, o critério máximo de discernimento para mim continua sendo o da obediência ao sucessor de Pedro”.

A diocese de Fréjus-Toulon, no sul da França, conseguiu ordenar seis homens ao diaconato de transição no mês passado, depois que todas as ordenações na diocese foram interrompidas pela Santa Sé em junho de 2022, depois de uma visita do arcebispo de Marselha, dom Jean-Marc Aveline, criado cardeal no ano passado.

As ordenações de seis seminaristas da comunidade tradicionalista Missionários da Divina Misericórdia ocorreram na igreja colegiada de Saint-Martin, em Lorgues, no último dia 1º de dezembro.

Em anúncio antes das ordenações, dom Touvet disse que elas eram “o fruto de um diálogo confiante e pacífico mantido com o superior da comunidade [dos Missionários da Divina Misericórdia] e o Dicastério para o Culto Divino”.

O papa Francisco nomeou dom Touvet bispo coadjutor de Fréjus-Toulon em novembro de 2023 , fazendo-o responsável pela gestão econômica e imobiliária, comunidades religiosas e formação de padres e seminaristas.

A Santa Sé pediu a suspensão das ordenações na diocese de Fréjus-Toulon no verão de 2022 devido a “questões que certos dicastérios romanos estavam fazendo sobre a reestruturação do seminário e a política de acolhimento de pessoas na diocese”, segundo dom Rey na época.

Conhecido por seu apoio à missa tradicional em latim, dom Rey também ordenou clérigos diocesanos usando o pontifical romano de 1962.

Depois de o papa Francisco promulgar em 2021 o motu proprio Traditionis custodes , que restringe severamente a celebração da missa na forma anterior à reforma do Concílio Vaticano II, dom Rey falou sobre as preocupações de alguns padres e comunidades em sua diocese que celebravam a missa segundo com o rito antigo.

“Assim como sempre tentei responder aos apelos para a nova evangelização de são João Paulo II, depois aos encorajamentos de Bento XVI para acolher e formar vocações sacerdotais e, finalmente, às orientações de Francisco, concordei, neste caso, em entregar a responsabilidade pastoral que me foi confiada em 2000 por João Paulo II”, disse dom Rey em publicação (link em francês) na rede social X na terça-feira. “Ao chegar ao meu 25º ano de episcopado a serviço da diocese de Fréjus-Toulon, agradeço a Deus pelas bênçãos e frutos missionários”.

Rey anunciou que vai celebrar uma missa de ação de graças na diocese em 1º de fevereiro.