BUENOS AIRES, 16 de mar de 2006 às 15:55
A Comissão Permanente do Episcopado Argentino divulgou nesta quarta-feira o documento "Recordar o passado para construir sabiamente o presente", no qual assinalam que a quebra da vida democrática de 24 de março de 1976 não deve ser silenciada pelo bem da democracia."A memória de um povo –diz a mensagem dos bispos argentinos– se nutre de inumeráveis fatos que pautam sua história. Alguns têm que ser celebrados como acontecimentos fecundos que fortalecem a convivência social. Outros, embora gerem dor e tristeza, não devem ser silenciados".
A mensagem lembra que nestes dias "voltamos nosso olhar ao passado para lembrar a quebra de nossa vida democrática de 24 de março de 1976. Este fato, ocorrido em um contexto de grande fragilidade institucional, e consentido por parte da dirigência daqueles momentos, teve graves conseqüências que marcaram negativamente a vida e a convivência de nosso povo".
Os bispos perguntam: "Que sentido tem trazer hoje à memória tão doloroso aniversário? Com que espírito o faremos?"
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"Estes fatos do passado –respondem–, que nos falam de enormes faltas contra a vida e a dignidade humana, e do desprezo pela lei e as instituições, são uma ocasião propícia para que os argentinos nos arrependamos uma vez mais de nossos enganos e para assimilar, na construção do presente, a aprendizagem que nos oferece nossa história".
"Os cristãos, quando recorremos à memória, fazemo-lo para purificá-la e constituí-la em fonte de sabedoria, reconciliação e esperança", acrescenta a mensagem.
"Deve ser este espírito de reconciliação o que nos anime no presente, nos afastando tanto da impunidade, que debilita o valor da justiça, como de rancores e ressentimentos que podem nos dividir e nos confrontar". "Um frutífero olhar ao passado –acrescenta o texto– deve nos ajudar a crescer em nossa dignidade de filhos de Deus e a nos comprometer responsavelmente na construção de uma pátria de irmãos.
"Que nossa fé em Deus, que é Pai de todos, nos fortaleça e ilumine neste caminho que estamos chamados a percorrer todos juntos", conclui o texto.