14 de jan de 2025 às 13:31
A Conferência Episcopal Italiana (CEI) publicou na semana passada um documento sobre a formação de sacerdotes que o jesuíta americano James Martin, defensor da causa LGBT, e meios de comunicação seculares interpretaram como uma abertura à ordenação de homens com tendências homossexuais.
O bispo de Fiesole, Itália, dom Stefano Manetti, presidente da comissão episcopal para o Clero e a Vida Consagrada da CEI, disse ao jornal Avvenire, da CEI, que essa “não é uma leitura correta” do texto (link em italiano) “La formazione dei presbiteri nelle Chiese in Italia” (A formação dos sacerdotes nas Igrejas da Itália). O texto foi publicado em 9 de janeiro no site do dicastério para o Clero da Santa Sé.
O parágrafo 44 do texto diz: “o objetivo da formação do candidato ao sacerdócio na esfera afetivo-sexual é a capacidade de aceitar como dom, escolher livre e viver com responsabilidade a castidade no celibato”.
O padre jesuíta James Martin, que fundou o grupo pró-LGBT Outreach, escreveu na rede social X: “A minha leitura disto (e é só a minha leitura) é que se um homem homossexual for capaz de levar uma vida saudável, casta e celibatária, ele pode ser considerado para admissão no seminário. Então, a meu ver, esse é um passo à frente”.
Na última sexta-feira (10), o jornal New York Times publicou um artigo dizendo que “a Santa Sé permite que homossexuais italianos sejam treinados para serem padres, se permanecerem celibatários” e que “os candidatos ao seminário não devem ser desqualificados por causa de sua orientação sexual, segundo as novas diretrizes da Igreja na Itália”. A mesma interpretação foi divulgada por agências internacionais de notícia e reproduzida no Brasil.
Segundo dom Manetti, essa “não é uma leitura correta porque o parágrafo reitera as normas do magistério desde o início”.
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Segundo Avvenire, o parágrafo 44 “reitera, palavra por palavra, o que estava estabelecido no número 199 do documento “Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis - O dom da vocação sacerdotal” , publicado pela então congregação para o Clero da Santa Sé em 8 de dezembro de 2016 e que, por sua vez, retoma o conteúdo da Instrução publicada pela então Congregação para a Educação Católica em 2005”.
Ambos os documentos dizem que pessoas com tendências homossexuais “profundamente enraizadas” não podem ser admitidas nos seminários.
“Este Dicastério, de acordo com a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, considera necessário afirmar claramente que a Igreja, embora respeitando profundamente as pessoas em questão, não pode admitir ao Seminário e às Ordens sacras aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente radicadas ou apoiam a chamada cultura gay. Essas pessoas encontram-se, de fato, numa situação que obstaculiza gravemente um correto relacionamento com homens e mulheres”, diz o texto citado.
O jornal Avvenire diz que a novidade do documento publicado em 9 de janeiro está no “discernimento” dos candidatos, especialmente nos primeiros três anos de formação.
“Pretendemos colocar a pessoa em primeiro lugar, ajudando os candidatos ao sacerdócio a esclarecerem-se dentro de si… um acompanhamento ao autoconhecimento que muitas vezes falta nas gerações jovens e que não exclui nem mesmo os jovens que chegam aos seminários”, conclui dom Manetti.