15 de jan de 2025 às 10:51
A audiência geral de hoje (15) no Vaticano foi dedicada às crianças. Houve um espetáculo de circo, a aparição improvisada de duas crianças e uma mensagem do papa Francisco contra todos os tipos de abuso infantil.
O papa falou sobre um caso de Loan Danilo Peña, menino de cinco anos que desapareceu na província de Corrientes em 13 de junho do ano passado. Seu paradeiro ainda é desconhecido.
"Loan foi sequestrado e ninguém sabe onde ele está", disse Francisco aos fiéis e peregrinos presentes na Aula Paulo VI.
O papa disse que "uma das hipóteses" é que ele tenha sido vítima de tráfico de pessoas.
"Isso acontece. Alguns voltam com cicatrizes, outros morrem. Por isso, eu quis lembrar esse menino, Loan, hoje", disse Francisco.
Em novembro do ano passado, María Noguera e José Peña, pais da criança desaparecida, escreveram uma carta ao papa Francisco pedindo que ele os recebesse no Vaticano e rezasse por seu filho desaparecido.
Ato desprezível e atroz
O papa Francisco denunciou a situação em que centenas de milhões de menores se encontram, "expostos a trabalhos particularmente perigosos", em particular “das crianças que são traficadas para prostituição ou pornografia, e dos casamentos forçados".
"O abuso infantil, de qualquer natureza, é um ato desprezível e atroz. Não é simplesmente um flagelo social e um crime; é uma violação muito grave dos mandamentos de Deus. Nenhuma criança deveria sofrer abusos. Mesmo um caso já é demais", disse o papa.
Assim, Francisco disse ser necessário "despertar consciências" e criar sinergias "entre aqueles que se comprometem a oferecer-lhes oportunidades e locais seguros para crescerem em paz".
“A pobreza generalizada, a falta de ferramentas sociais de apoio às famílias, o aumento da marginalização nos últimos anos, a par do desemprego e da precariedade laboral, são fatores que descarregam sobre os mais jovens o preço mais elevado a pagar”, disse o papa Francisco.
"Nas metrópoles, onde a exclusão social e a degradação moral são ‘gritantes’, existem crianças envolvidas no tráfico de droga e nas mais diversas atividades ilícitas", disse o papa ao lamentar que “olhamos muitas vezes para o outro lado".
Francisco disse que "Jesus quer que todos sejamos livres e felizes" e que "ama os mais pequeninos com toda a ternura do seu coração".
"É por isso que nos pede para parar e prestar atenção ao sofrimento de quem não tem voz, de quem não tem educação. Lutar contra a exploração, especialmente infantil, é a via mestra para construir um futuro melhor para toda a sociedade”, disse o papa Francisco.
Somos cúmplices
Depois de falar sobre a realidade enfrentada por essas crianças, o papa convidou os fiéis a não se tornarem cúmplices do trabalho infantil, que acontece "quando compramos produtos que utilizam trabalho infantil".
"Como posso comer e vestir-me sabendo que por detrás daquela comida ou daquela roupa estão crianças exploradas, que trabalham em vez de irem à escola? Ter consciência do que compramos é o primeiro passo para não sermos cúmplices", disse Francisco.
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Sobre isso, o papa Francisco disse que "cada um de nós pode ser uma gota que, juntamente com muitas outras gotas, se pode transformar num mar" e exortou as instituições, inclusive as da Igreja, a fazer a diferença "transferindo os seus investimentos para empresas que não utilizam nem permitem o trabalho infantil".
O papa fez também um convite aos jornalistas: "Façam a sua parte: podem ajudar a aumentar a consciencialização sobre o problema e ajudar a encontrar soluções. Não tenham medo, denunciem, denunciem essas coisas".
Por fim, Francisco agradeceu "a todos aqueles que não se afastam quando veem crianças forçadas a tornarem-se adultos demasiado cedo".
Ao concluir, o papa Francisco falou sobre santa Teresa de Calcutá e disse que "com a ternura e a atenção do seu olhar, ela pode acompanhar-nos para ver os pequenos invisíveis, os muitos escravos de um mundo que não podemos abandonar às suas injustiças".
Em seguida, o papa leu o texto “Posso contar contigo?”, escrito pela santa missionária.
“Quero um lugar seguro onde possa brincar.
Quero um sorriso de quem sabe amar.
Quero o direito de ser criança, de ser esperança de um mundo melhor.
Quero poder crescer como pessoa.
Posso contar contigo?”
Ao fim da catequese, Francisco e os fiéis que participaram da audiência geral assistiram a um espetáculo de circo. Para o papa Francisco, "o trabalho do circo é humano, é arte" e exige "muito esforço".
Por fim, o papa rezou pela paz em Mianmar, Palestina, Israel e outros países que sofrem com conflitos armados. Francisco repetiu que "a guerra é sempre uma derrota" e pediu para rezar "pela conversão dos corações dos fabricantes de armas".