O governo da Nicarágua atacou a Santa Sé depois da entrevista que o bispo de Matagalpa e administrador apostólico de Estelí, dom Rolando Alvarez deu na semana passada à EWTN News, no Vaticano, onde está exilado.

“Expressamos nossa opinião sobre as declarações feitas em nome do Estado do Vaticano em suas próprias páginas e plataformas, declarações que constituem um insulto à soberania e à dignidade do Estado nicaraguense”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Nicarágua em carta publicada em espanhol e inglês no sábado (8).

“As declarações citadas são irresponsáveis ​​e desrespeitosas e violam as mais altas leis e regulamentos que regem a vida independente da nossa abençoada Nicarágua”, disse a carta do governo nicaraguense. “Além disso, sem nenhuma autoridade política supranacional, o Estado do Vaticano pretende decidir sobre os cargos e poderes que são concedidos, na Nicarágua, a pessoas que deixaram de ser nicaraguenses, devido a condutas impróprias e intoleráveis".

O documento não especifica a que declarações se refere, mas a reação do governo de Daniel Ortega e sua mulher e copresidente, Rosario Murillo, se segue à entrevista da EWTN com dom Álvarez .

Nela, dom Alvarez, falando a título pessoal e não como representante da Santa Sé, disse que pretendia apresentar sua renúncia ao papa Francisco ao chegar a Roma.

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“Mas me vi diante da bondade de Deus e do Santo Padre, que querem que eu continue sendo o ordinário de Matagalpa e o administrador apostólico de Estelí, mesmo estando na diáspora”, disse o bispo à repórter Paola Arriaza Flynn, da EWTN.

“Amo muito minha gente, amo meu povo e digo a eles que sou bispo da Igreja universal”, disse também dom Álvarez na entrevista. “Ou seja, fui ordenado bispo de Matagalpa. Sou o chefe visível de Matagalpa e administrador apostólico de Estelí e continuarei sendo até que Deus queira".

O bispo foi condenado a 26 anos e quatro meses de prisão em 10 de fevereiro de 2023 por “traição à pátria”, e teve sua nacionalidade nicaraguense anulada pelo governo. Ele foi deportado para o Vaticano em janeiro do ano passado.

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