A Santa Sé manifestou solidariedade aos muçulmanos por ocasião do jejum do Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos, dizendo que os católicos também jejuam e fazem penitência no período da Quaresma e convidando a um maior diálogo e amizade entre pessoas das duas religiões.

“Nosso mundo tem sede de fraternidade e diálogo autêntico”, disse mensagem divulgada hoje (7) pelo Dicastério para o Diálogo Inter-religioso da Santa Sé. “Juntos, muçulmanos e cristãos podem ser testemunhas dessa esperança, na convicção de que a amizade é possível não obstante o peso da história e das ideologias que aprisionam”.

“A esperança não é simples otimismo: é uma virtude ancorada na fé em Deus, o Misericordioso, nosso Criador”, disse também a mensagem.

Este ano, o Ramadã vai de 28 de fevereiro a 29 de março.

O período cristão da Quaresma começou em 5 de março e terminará em 17 de abril com o Tríduo — Quinta-feira Santa, Sexta-feira Santa e Sábado Santo — seguidos pelo Domingo de Páscoa em 20 de abril.

“Este ano, quando nossas duas tradições espirituais se unem para celebrar o Ramadã e a Quaresma, temos uma oportunidade única de mostrar ao mundo que a fé transforma as pessoas e a sociedade, e que é uma força motriz para a unidade e a reconciliação”, disse o Dicastério para o Diálogo Inter-religioso da Santa Sé.

“Essa proximidade no calendário espiritual nos oferece uma oportunidade única de caminhar lado a lado, cristãos e muçulmanos, num percurso comum de purificação, oração e caridade”.

A mensagem anual da Santa Sé para o Ramadã foi assinada pelo novo prefeito do dicastério, cardeal George Jacob Koovakad, e seu secretário, padre Indunil Janakaratne Kodithuwakku Kankanamalage.

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O papa Francisco nomeou o cardeal Koovakad prefeito do dicastério no fiml de janeiro, preenchendo a vaga deixada pelo cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, que morreu no fim do ano passado.

Sacerdote indiano da Igreja Católica Siro-Malabar, Koovakad já foi responsável pela organização de viagens papais.

Em sua mensagem, o dicastério inter-religioso falou sobre semelhanças entre a observância muçulmana do Ramadã e a observância católica da Quaresma.

“Ao se abster de comida e bebida, os muçulmanos aprendem a controlar seus desejos e se concentrar no que é essencial. Este tempo de disciplina espiritual é um convite a cultivar a piedade, aquela virtude que aproxima de Deus e abre o coração aos outros”, disse o dicastério.

“Na tradição cristã, o tempo sagrado da Quaresma nos convida a seguir um caminho semelhante: por meio do jejum, da oração e da esmola, buscamos purificar o nosso coração e nos concentrar naquele que guia e dirige a nossa vida. Essas práticas espirituais, embora expressas de forma diferente, nos lembram que a fé não é só uma questão de gestos externos, mas um percurso de conversão interior”, disse também a mensagem.

O dicastério disse que queria refletir sobre como cristãos e muçulmanos podem se tornar “irmãos e irmãs genuínos, dando testemunho comum da amizade de Deus com toda a humanidade”.

“Nossa fé em Deus é um tesouro que nos une, muito além de nossas diferenças. Ela nos lembra que somos criaturas, espirituais, encarnadas e amadas, chamadas a viver com dignidade e respeito recíproco”, destacou a mensagem do cardeal Koovakad.

“Desejamos nos tornar guardiões desta sagrada dignidade, rejeitando toda forma de violência, discriminação e exclusão. Este ano, quando nossas duas tradições espirituais se unem para celebrar o Ramadã e a Quaresma, temos uma oportunidade única de mostrar ao mundo que a fé transforma as pessoas e a sociedade, e que é uma força motriz para a unidade e a reconciliação”, disse também o dicastério.