CAIRO, 24 de mar de 2006 às 18:17
O projeto de um roteirista cristão ortodoxo de filmar o primeiro filme árabe sobre Jesus Cristo encontra a oposição dos muçulmanos, que não aceitam a representação do Senhor por ser também profeta no Islã, o que faz que sua personificação seja proibida."Para que este filme se realize, nossa condição é de que não apareça a imagem do profeta (Jesus), pois é impossível encontrar um ator que possa representá-lo, por mais perfeito que seja seu trabalho", disse à agência EFE Mohamed Habib, o número dois da "Irmandade" muçulmana, um dos grupos de oposição mais influentes do país.
Alguns sugerem que os cineastas peçam permissão a Al Azhar, a instituição mais prestigiosa para o Islã sunita, que se pronuncia sobre as obras que têm a ver com a religião.
Abdel Moti Bayumi, membro da Academia de Estudos Islâmicos de Azhar destacou que os profetas não podem ser representados "porque isso reduz seu valor na imaginação humana", e lembrou que já Al Azhar emitiu uma fátua (decreto) a respeito. "O muçulmano odeia ver Jesus representado em forma humana e especialmente se mostrado em momentos de fragilidade, Al Azhar já deu sua opinião, e quem não a respeitar, que preste contas a Deus", precisou Bayumi.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
O roteirista do filme, Fayez Ghali, manifesta que "Al Azhar não tem nada a ver com meu filme. Que a representação dos profetas seja proibida, é um assunto de nossos irmãos muçulmanos, mas não tem a ver comigo". "Sempre que eu seguir minha doutrina cristã ortodoxa, nenhum ser humano se atreverá a proibir o filme, seja Al Azhar, a igreja e inclusive o estado", acrescentou.
Assegurou que se Mohamed Sayed Tantawi, grande Ímã de Al Azhar, se atrever a intervir, "seria uma catástrofe histórica, pois se entenderá como uma imposição de seu poder sobre a Igreja". O roteirista considera que as pessoas que pedirem a aprovação de Azhar para seu filme "são radicais que estão brincando com fogo".
Ghali não se opõe a que o ator que interprete Cristo seja inclusive um muçulmano, mas o produtor, Mohamed Uchub (muçulmano), disse que vai impor como condição que seja um ator cristão e desconhecido.