O papa Francisco pediu uma nova diplomacia que tenha maior "credibilidade" e condenou o uso da guerra como solução para conflitos em carta ao jornal italiano Il Corriere della Sera.

"A guerra só devasta as comunidades e o meio ambiente, sem oferecer soluções para os conflitos", disse o papa, de 88 anos, do Hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma, onde está internado desde 14 de fevereiro.

A carta, enviada a Luciano Fontana, diretor do jornal italiano, em resposta a uma mensagem por sua saúde, foi assinada pelo papa na última sexta-feira (14), mas publicada hoje (18).

"Gostaria de agradecer pelas palavras de proximidade com as quais desejou estar presente neste momento de doença em que, como já disse, a guerra parece ainda mais absurda”, escreveu Francisco. “A fragilidade humana, de fato, tem o poder de nos tornar mais lúcidos em relação ao que dura e ao que passa, ao que nos faz viver e ao que mata".

O papa Francisco fala sobre a tendência da sociedade atual de "negar os limites e evitar pessoas frágeis e feridas".

Para o papa, são precisamente essas pessoas "que têm o poder de questionar a direção que escolhemos, como indivíduos e como comunidade".

Francisco também pede aos jornalistas e comunicadores para dar valor às palavras para construir histórias que conectem.

"Gostaria de encorajar o senhor e todos aqueles que dedicam trabalho e inteligência para informar, através de instrumentos de comunicação que agora unem nosso mundo em tempo real: sentir toda a importância das palavras. Elas nunca são só palavras: são fatos que constroem os ambientes humanos. Elas podem conectar ou dividir, servir a verdade ou se servir dela", pede o papa Francisco.

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Necessidade de calma e reflexão

Assim, o papa exorta a “desarmar as palavras" e depois "desarmar as mentes e desarmar a Terra".

"Há uma grande necessidade de reflexão, de calma, de um senso de complexidade", enfatiza Francisco na carta.

O papa Francisco diz também que a guerra "só devasta as comunidades e o meio ambiente, sem oferecer soluções para os conflitos".

Assim, o papa reivindica o trabalho da "diplomacia e das organizações internacionais", embora diga que elas "precisam de nova força vital e credibilidade".

Francisco diz também que as religiões "podem se valer da espiritualidade dos povos para reacender o desejo da fraternidade e da justiça, a esperança de paz".

"Tudo isso exige comprometimento, trabalho, silêncio e palavras. Sintamo-nos unidos nesse esforço, que a Graça celeste não deixará de inspirar e acompanhar", conclui o papa Francisco.