21 de mar de 2025 às 11:19
O Secretário para as Relações com os Estados da Santa Sé, arcebispo Paul Richard Gallagher, disse que, apesar da doença, o papa continua servindo “a Igreja e a humanidade, ainda que faça isso de maneira diferente”. Gallagher celebrou missa pela saúde do papa Francisco, internado no Hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma, desde 14 de fevereiro.
"Neste momento de fragilidade humana, ele serve a Igreja e a humanidade de forma não menos eficaz, mesmo que faça isso de maneira diferente", disse o arcebispo inglês na homilia da missa que celebrou ontem (20) na igreja jesuíta de Gesù, em Roma. O papa Francisco é jesuíta.
Vários embaixadores junto à Santa Sé participaram da missa no centro espiritual dos jesuítas, em Roma, rezando pela rápida recuperação do papa.
Gallagher concentrou sua homilia no amor divino que “flui constantemente” de Deus “através do Coração trespassado de Jesus e busca nossa resposta”.
O arcebispo destacou que o amor de Deus encontra nos fiéis “as misérias, os nossos pecados, e adquire a qualidade da misericórdia”.
Segundo o Vatican News, serviço oficial de informações da Santa Sé, Gallagher também enfatizou a importância da Quaresma como "um momento favorável para aprofundar essa jornada".
O importante, disse o arcebispo, é que neste tempo litúrgico “nos deixemos amar por Deus, para que o renascimento espiritual nos abra para novos espaços e novos horizontes de esperança, liberdade e paz”.
“Nossos tempos estão testemunhando a ameaça do mal se tornando cada vez mais significativa, e a escuridão às vezes parece prevalecer até mesmo sobre a luz”, disse o arcebispo.
Ele citou como exemplo o que acontece em países em guerra, como "a martirizada Ucrânia, a Palestina, Israel, o Líbano, Mianmar, o Sudão, a República Democrática do Congo e outras zonas de conflito".
No entanto, Gallagher diz acreditar que o renascimento espiritual da Quaresma "pode nos levar ao caminho do encontro", embora diga que nunca faltam obstáculos.
“Infelizmente, há aqueles que alimentam constantemente uma cultura de morte”, disse o arcebispo.
Assim, dom Gallagher disse que ao abraçar “a lógica perversa do ódio, da dominação e, portanto, da guerra, em todos os níveis”, o mundo se torna “um teatro de confrontos entre etnias e civilizações, culturas e religiões”.
O arcebispo disse que os cristãos, por outro lado, “são chamados a difundir os valores do amor, da justiça e da paz”.
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“Bem-aventurados os tempos e lugares em que as pessoas se sentam à mesma mesa e depositam sua confiança no poder da razão e da consciência, tendo como horizonte o valor inefável da dignidade humana”, enfatizou dom Gallagher.
Diplomacia desvinculada de “miseráveis interesses humanos”
Em sua homilia, diante de alguns dos embaixadores dos 183 países com os quais a Santa Sé mantém relações diplomáticas, o arcebispo enfatizou que o mundo precisa de um tipo de diplomacia que seja "desvinculada dos miseráveis interesses humanos para trabalhar livremente pelo bem comum, cooperando juntos para garantir os bens supremos da justiça e da paz para todos".
Dom Gallagher também falou sobre os vários pedidos que o papa Francisco fez em seu pontificado de 12 anos para abraçar a lógica do encontro e da fraternidade.
“O egocentrismo é uma gaiola que nos impede de ser uma bênção para os outros”, disse o arcebispo.
Dom Gallagher disse haver “uma enorme diferença entre aqueles que levam vida aos outros, estendendo a mão para salvar, e aqueles que levam à morte, privando o outro da ajuda de que precisa para sobreviver”.
O arcebispo disse aos embaixadores junto à Santa Sé que a humanidade precisa de “uma luz superior para guiar nossas decisões e nos ajudar a executá-las”.
“É justamente na oração, que também é feita de silêncio, que devemos aprender a escutar a voz da consciência, que não é um julgamento arbitrário, mas a voz do Senhor que ressoa no santuário interior da mente e do coração”, disse dom Gallagher.
Assim, o arcebispo honrou o legado de todos os "que lutaram contra as ditaduras, a tirania e a injustiça, mesmo que nem sempre compartilhassem da fé cristã ou de uma crença religiosa".
"Fizeram isso em nome da consciência, reconhecendo nela aquela voz superior que mostra o caminho certo", disse também dom Gallagher.
O arcebispo concluiu sua homilia convidando os diplomatas a "entrar em silêncio" no "santuário interior da consciência", especialmente na Quaresma.
Depois de agradecer as orações diárias pela saúde do papa Francisco, dom Gallagher confiou a condição física do papa, afligida por uma pneumonia bilateral, a Nossa Senhora.