24 de mar de 2025 às 15:30
Juazeiro do Norte (CE) celebrou os 181 anos do servo de Deus padre Cícero Romão (1844-1934), conhecido na região como Padim Ciço, com seresta e um bolo de 50 metros. O povo se reuniu no Largo do Socorro ontem (23) às 19h30 para a seresta e esperou até meia-noite para cantar parabéns e cortar o bolo. O padre Cícero nasceu em 24 de março de 1844.
“Celebrar o nascimento do patriarca de Juazeiro é, antes de tudo, um tempo de pararmos para olharmos o testemunho dele e amar o que ele amou, Deus em primeiro lugar, e praticar as suas boas ações”, disse o padre Cícero José, reitor da Basílica de Nossa Senhora das Dores.

As celebrações pelo aniversário continuam hoje (24) com missas celebradas na basílica às 12h e 19h. A reza do terço da misericórdia às 15h e do terço mariano às 18h. Na Capela do Socorro as missas são às 10h, 15h e 17h. Às 18h no Largo do Socorro haverá a acolhida da procissão das flores renovação ao Sagrado Coração de Jesus e distribuição do “Café do Santo” no Largo do Socorro. A noite termina com shows de Fábio Carneirinho e Thiago Brado.
A festa de aniversário faz parte da programação da 43ª Semana Padre Cícero da Basílica Nossa Senhora das Dores que começou na quinta-feira (20) e vai até amanhã (25). O tema é: Peregrinos de esperança: a exemplo do Servo de Deus Padre Cícero Romão, cuidemos da criação.
Nascido em 1844, Cícero Romão Batista fez um trabalho pastoral ao longo de seus 90 anos de vida, com pregações e visitas domiciliares. É considerado um ‘santo’ por muitos fiéis nordestinos.
A cidade de Juazeiro do Norte é hoje um local de peregrinação permanente, recebendo romarias durante todo o ano.
Citando números da Secretaria de Turismo e Romaria de Juazeiro do Norte, o padre Cícero José da Silva disse à ACI Digital que cerca de 2 milhões de pessoas visitam anualmente Juazeiro que para ele é “uma cidade que tem o dedo de Deus, é o lugar de acolhida, é a Jerusalém do Nordeste, um local para ser visitado e nessa experiência de encontro com Deus, continuar a missão”.
Padre Cícero Romão
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Nascido em Crato (CE), foi ordenado padre em 1870 em Fortaleza (CE), tendo ido para a região de Juazeiro dois anos depois. Em 1894, a Santa Sé o puniu com a suspensão da ordem, sob acusação de manipular a crença popular por causa do caso conhecido como o “milagre da hóstia”.
Padre Cícero, segundo relatos, teria dado a comunhão a uma mulher e a hóstia teria sangrado em sua boca. O padre pediu que dois médicos e um farmacêutico estudassem o caso e estes alegaram que se tratava de algo inexplicável à luz da ciência.
O então bispo de Fortaleza, dom Joaquim José Vieira, tendo conhecimento do fato, nomeou uma comissão que o estudou e concluiu que não houve milagre. Com isso, a Santa Sé suspendeu as ordens de padre Cícero.
Em 1898, inconformado com a situação, foi ao Vaticano pedir ao papa Leão XIII a revogação de sua pena. Saiu de lá com a vitória, mas o bispo não aceitou e pediu revisão do resultado. Desde então o padre Cícero viveu rompido com a Igreja.
Em 1911, Cícero tornou-se prefeito de Juazeiro e fez várias melhorias nos seus 12 anos de serviço. Ele morreu aos 90 anos, no dia 20 de julho de 1934 ainda rompido com a Igreja.
Em 2015, por decisão do papa Francisco, o padre Cícero foi reconciliado com a Igreja. A partir daí seu processo de beatificação foi aberto no dia 30 de novembro de 2022, na basílica Nossa Senhora das Dores, em Juazeiro do Norte e ele se tornou servo de Deus.
“Mesmo diante de todos os desafios que o padre Cícero Romão passou e enfrentou”, disse o padre Cícero José, “ele jamais, jamais, eu o posso afirmar para todos, incentivou as pessoas a ficarem contra a Igreja. Ao contrário, quando quiseram colocá-lo contra a estrutura da Igreja na época, ele disse ‘calma, será a própria Igreja que vai fazer a minha defesa’”.
“Prova disso”, continuou o reitor da basílica, “é o que celebramos desde 2015 que é a chamada reconciliação histórica da Igreja com o padre Cícero Romão”.
“Então, se somos o que somos hoje é graças à perseverança, ao testemunho fiel desses romeiros que continuaram a vir a Juazeiro com a permissão da Igreja local, com a bênção, continuaram a vir e nos ensinaram que aqui nesta cidade tem o dedo de Deus”, concluiu.