O papa Francisco exortou os que trabalham na luta contra os abusos na Igreja a colaborar com os dicastérios da Cúria Romana, curar "as feridas da alma" das vítimas e construir alianças com realidades externas.

Em 20 de março, o papa escreveu uma mensagem no Hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma, onde estava internado desde 14 de fevereiro, aos membros da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, organismo fundado em 2014 para "promover a responsabilidade das Igrejas particulares na proteção de todos os menores e adultos vulneráveis", que fazem sua assembleia plenária esta semana.

Em sua mensagem, o papa os exortou a assumir três compromissos: primeiro, pediu-lhes para "crescer no trabalho comum” com os Dicastérios da Cúria Romana. Ele também os exortou a "escutar com o ouvido do coração, para que cada testemunho encontre não registros a serem preenchidos, mas entranhas de misericórdia das quais possa renascer", para que as vítimas recebam "hospitalidade e cuidado para as feridas da alma".

Por fim, o papa Francisco pediu para "construir alianças com realidades extraeclesiais – autoridades civis, especialistas, associações –, para que a proteção se torne uma linguagem universal".

Para o papa, os esforços para erradicar esse flagelo são "oxigênio" para as comunidades religiosas, porque "onde há uma criança ou uma pessoa vulnerável em segurança, ali se serve e se honra Cristo".

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Francisco destacou que "a prevenção dos abusos não é um cobertor para encobrir emergências, mas um dos alicerces sobre os quais construir comunidades fiéis ao Evangelho".

O papa Francisco disse ser grato por esse serviço, destacando que o trabalho da Pontifícia Comissão "não se limita a protocolos", mas promove espaços de proteção com "uma formação que educa, controles que impedem, uma escuta que restaura a dignidade".

"Quando implementam práticas de prevenção, mesmo nas comunidades mais remotas, estão escrevendo uma promessa: que cada criança, cada pessoa vulnerável, encontrará um ambiente seguro na comunidade eclesial. Esse é o motor do que para nós deve ser uma conversão abrangente", disse o papa.

Francisco os encorajou a continuar sendo "sentinelas que vigiam enquanto o mundo dorme".

"Que o Espírito Santo, mestre de memória viva, nos preserve da tentação de arquivar a dor em vez de curá-la", concluiu o papa.