26 de mar de 2025 às 15:43
A diocese de El Paso, Texas, fez uma marcha e uma vigília em solidariedade a migrantes e refugiados no centro da cidade na última segunda-feira (24), com o bispo de El Paso, dom Mark Seitz, criticando a aplicação da lei de imigração do governo Trump como uma "guerra contra os pobres".
“Estou muito grato por termos nos reunido esta noite como uma comunidade de fronteira. Quão maravilhoso é ter momentos em que podemos celebrar e nos comprometer novamente com quem somos, e fazer isso na presença de Deus”, disse dom Seitz na vigília.
Seitz, de 71 anos, foi nomeado bispo de El Paso pelo papa Francisco em 2013.
O evento de El Paso marcou o 45º aniversário da morte de são Óscar Romero, bispo de El Salvador que foi morto na capela de um hospital em 1980, em meio a uma guerra civil entre guerrilheiros de esquerda e o governo de direita, que matou cerca de 75 mil pessoas.
Romero, canonizado pelo papa Francisco, é o maior representante da Teologia da Libertação, que já dominou o episcopado da América Latina.
“Colocamos a nós mesmos e à nossa comunidade sob a proteção [de Romero] esta noite”, disse o bispo de El Paso, presidente do Comitê de Migração da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA (USCCB, na sigla em inglês).
O bispo de Las Cruces, Novo México, dom Peter Baldacchino; o bispo emérito de Valleyfield, de Quebec, Canadá, dom Gustavo García-Siller; o bispo de Lexington, no Kentucky, dom John Stowe; e o subsecretário do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral da Santa Sé, cardeal Fabio Baggio estiveram nos eventos. Líderes de outras confissões e religiões também estavam presentes.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
Dom Seitz falou sobre o que descreveu como a disposição de sacrifício semelhante à de Cristo de são Óscar Romero por seu país, citando uma entrevista que o santo deu antes de sua morte, na qual ele disse: “Se eles me matarem, eu ressuscitarei no povo de El Salvador. Se eles conseguirem cumprir suas ameaças, a partir de agora, eu ofereço meu sangue pela redenção de El Salvador”.
“Estamos aqui esta noite para celebrar nossa comunidade”, disse o bispo de El Paso. “Comunidade é uma troca de presentes, onde damos nossas vidas uns aos outros, para o benefício uns dos outros; crescemos juntos e carregamos os fardos uns dos outros. Jesus ofereceu sua vida em sacrifício por aquele corpo. Romero ofereceu sua vida em sacrifício por aquele corpo”.
“Quando olhamos ao redor do mundo agora, é esse senso de comunidade pelo qual Jesus e Romero deram suas vidas que está sob ataque”, disse o bispo.
“É isso que a negação de asilo e a ameaça de deportações em massa representam. Um ataque fundamental à comunidade humana. Ao corpo. À visão de Jesus de uma humanidade totalmente reconciliada”.
Dom Seitz continuou descrevendo o fechamento da fronteira pelo governo Trump como uma "guerra contra os pobres" e os esforços de deportação em massa como "outra ferramenta para manter as pessoas com medo, para mantê-las divididas, para extinguir a caridade e o amor que mantêm um povo vivo".
“Ao meu povo aqui esta noite e a todos em nosso país que vivem com medo de deportação e separação familiar: saibam do nosso amor e compromisso, que como o amor de Jesus, vai até o fim, até os limites. A Igreja está com vocês nesta hora de escuridão”, disse o arcebispo.
“E para aqueles em posição de responsabilidade por nosso país, que administram nosso bem comum, eu faço este apelo urgente: Parem com a proibição de asilo! Parem com as deportações!”