14 de abr de 2025 às 13:15
O beato Carlo Acutis, que será canonizado no dia 27 de abril, no Vaticano, não se santificou pelo uso do computador, mas pelos “meios tradicionais que todo santo usou”, disse o padre Marcelo Tenório, pároco de São Sebastião, em Campo Grande (MS), paróquia onde aconteceu o milagre da beatificação de Carlo.
“Primeira coisa que eu não concordo é com a história de influencer, influencer coisa nenhuma, o Carlo usava os meios de comunicação – e a internet na época estava começando – para a pesquisa, foi o que ele fez”, disse o sacerdote à ACI Digital
Mas, ressaltou, “ele se santificou pelos meios tradicionais de que todo santo usou, que é a conversão, que é a oração, que é visitar o Santíssimo, que é a mudança de vida, que é a caridade, socorro aos pobres, todos os santos fizeram isso”.
“E ele soube fazer muito bem isso no tempo dele e do jeito dele, e de uma profundidade, de uma perspicácia das coisas sagradas, imensa, né?”, acrescentou.
Carlo Acutis nasceu em 3 de maio de 1991, em Londres, Inglaterra, mas cresceu em Milão, Itália. Desde pequeno, demonstrou um carinho especial por Deus. Depois de sua primeira comunhão, aos sete anos, disse à mãe: “Estar sempre unido a Jesus: este é o meu projeto de vida”.
Vivia como um menino de seu tempo, com estudos, amigos, passeios, gostava de videogames, computadores, mas seu foco era o céu. Aplicou seu conhecimento em informática para a evangelização. Pesquisou e visitou lugares onde aconteceram milagres eucarísticos e aparições marianas e criou um site com essas informações. Por isso, passou a ser chamado “ciberapóstolo da Eucaristia", "apóstolo dos millennials" e "apóstolo da Internet”.
Aos 15 anos, foi diagnosticado com leucemia promielocítica aguda (LMA M3), considerada a forma mais agressiva deste câncer. Um pouco antes de sua hospitalização, disse aos pais: "Ofereço os sofrimentos que deverei sofrer ao Senhor, pelo papa e pela Igreja, para não ir ao purgatório e ir direto ao céu".
Carlo Acutis morreu em 12 de outubro de 2006, dia de Nossa Senhora Aparecida.
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O padre Marcelo Tenório conheceu Carlo Acutis em 2011, por meio de um artigo em italiano que recebeu. A partir de então, ele se interessou pela história de Carlo, entrou em contato com a mãe dele, Antonia Salzano, e passou a divulgar a devoção ao jovem italiano no Brasil.
“Eu sempre acreditei muito na santidade do Carlo, e não entrei assim de olho fechado, não. A gente tem certo critério: se a gente dissemina tudo isso mesmo, será se a coisa é certa mesmo”, disse o padre que, ao se aprofundar na vida de Carlo, foi confirmando a fama de santidade dele.
“O padre Pio [de Pietrelcina], por exemplo, ele viveu o extraordinário no ordinário, fantástico. O Carlo foi o contrário. O Carlo viveu o ordinário dele de modo extraordinário, como santa Teresinha”, disse.
O sacerdote contou que, “na época em que começou o processo [de canonização] de santa Teresinha, as freiras disseram: ‘gente, o que ela tinha de diferente, lavava louça, lavava banheiro, isso a gente fazia, o que é que tem?’. Depois, disse, “você vai descobrindo a profundidade da espiritualidade daquela pessoa e santa Teresinha foi proclamada doutora da Igreja, uma pessoa que na verdade não deixou nenhuma obra feita como santa Teresa d’Ávila, nenhuma obra feita como santa Catarina de Sena, mas deixou sim uma obra das vias pequeníssimas”.
“Assim também o Carlo, quanto mais você escavar o Carlo, mais profundidade tem”, disse.
O sacerdote recordou que Carlo Acutis vem de uma família que não era tão católica. “É ele que vai trazer os pais para dar uma decisão mais acertada com Nosso Senhor, porque os pais não eram assim católicos”, disse, ao enfatizar que “o Carlo vai levar a família para Deus mesmo, para um compromisso diário com Deus”.
Além disso, destacou, há “as coisas escondidas”, os atos de caridade feitos por Carlo Acutis e as conversões que promoveu por meio de seu testemunho. “Dona Antônia não sabia que Carlo tinha tantos amigos assim, e amigos simples, migrantes, pobres, gente que não era cristã, hinduísta, budista, e famílias que se converteram ao catolicismo por causa do Carlo, ou seja, tinha todo tipo de gente”.
“Ele, com a bicicleta dele, andava para cima e para baixo lá em Milão, e com o jeito dele, conquistava todo mundo”, completou.