O patriarca de Lisboa, dom Rui Valério, celebrou ontem (14) uma missa na capela da embaixada do Brasil em Lisboa, Portugal, com a presença da cruz da primeira missa celebrada no Brasil há 525 anos. A cruz, que saiu de Braga no sábado (12), chega hoje (15) a São Paulo (SP) e vai peregrinar por várias cidades.

A peregrinação “BRASIL COM FÉ - Celebrando os 525 anos da Primeira Missa no Brasil, Terra de Santa Cruz” é organizada pelo movimento Brasil com Fé, santuário Cristo Redentor, da arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ), e Instituto Redemptor. Além dos 525 anos da primeira missa celebrada no país, a iniciativa também celebra os 200 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre Brasil e Portugal, iniciadas com o Tratado de Paz, Amizade e Aliança entre o Império do Brasil e o Reino de Portugal, em 1825.

A missa de ontem na embaixada do Brasil em Lisboa aconteceu a convite do embaixador, Raimundo Carreira. Também estavam presentes o núncio apostólico de Portugal, dom Ivo Scapolo, decano do corpo diplomático em Portugal, e o reitor do santuário Cristo Redentor, padre Omar Raposo, capelão oficial da Capela da Embaixada do Brasil em Lisboa.

Em sua homilia, o patriarca de Lisboa disse que aquele era “um dia de memória” e “de esperança”.

“É um dia de memória, porque sobressai o sentido da história, o sentido de um caminho percorrido. Na medida em que uma vida, um país, tem sentido de memória, tem grandeza, coragem, ousadia para se lançar na esperança”, disse.

Dom Rui falou sobre os “valores” captados “a partir da cruz” e ressaltou que a cruz “é formada por dois troncos que estão não paralelos, não sobreposto ao outro, mas estão entrecruzados”.

“E uma nação como o Brasil, que se inspira na cruz, é por natureza um país que promove o encontro, é um país de comunhão. É um país que é irmão de todo o homem e mulher de boa vontade, independentemente da sua proveniência, independentemente da sua geografia. Um país que se coloca à sombra da cruz, é um país que gera cidadãos que têm a realidade, a procura do encontro com o outro, com o tu, no seu DNA. E o Brasil é isso, verdadeiramente”, disse.

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O patriarca falou sobre a “verticalidade da cruz”, que “significa personalidade, significa caráter, significa força de resiliência, capacidade de não se vergar”. Segundo ele, “independentemente das suas muito ou poucas dificuldades”, o Brasil “é um povo que está sempre de pé, é um povo de caráter”.

Dom Rui disse que o tronco da cruz “assenta, por um lado, no chão, na terra, na solidez dessa memória”. “Por outro lado”, acrescentou, “abre-se à plenitude do alto, à plenitude do céu, que é a evocação, aqui, realmente, da fé”.

Sobre o tronco “que está na horizontal”, o patriarca disse que significa “os braços abertos” e a “igualdade”. “É o acolhimento do outro na sua identidade própria, na sua especificidade, é o símbolo, por excelência, da comunhão”, disse.

“Perante a cruz, iluminado por ela, todo o ser humano, independentemente de quem é, independentemente do que lhe vai na cabeça, independentemente do que lhe reveste o corpo na cor da pele, independentemente dos credos, nós somos, fundamentalmente, irmãos. E a cruz convida-nos a isso. Ora, são estes valores que povoam a memória de um povo que é o Brasil”, disse.

O patriarca também falou sobre a proximidade que ainda há entre Brasil e Portugal. “O Brasil é um país irmão, mas tão próximo de todos nós e de cada um. Todos nós temos uma história que envolve essa nação irmã. É uma nação de esperança”, disse, ao contar que ele próprio tem parentes que vivem no Brasil, depois que seu avô emigrou para o país nos anos 1920.

Ao final da missa, dom Rui Valério abençoou a chancelaria da embaixada do Brasil em Lisboa, que tinha sido reinaugurada em 10 de janeiro deste ano.

O patriarca também pôde pegar a cruz da primeira missa celebrada no Brasil em 26 de abril de 1500. Atualmente, essa cruz pertence ao Tesouro-Museu da Sé de Braga.