MADRI, 26 de jul de 2004 às 17:46
O Arcebispo de Santiago de Compostela, Dom. Julián Barrio, assegurou na presença do presidente do Governo, José Luis Rodríguez Zapatero, dos Reis da Espanha e várias autoridades civis e religiosas que o matrimônio é “essencialmente heterossexual e base inconfundível da família” cuja quebra supõe a quebra da sociedade, tornando-a vulnerável a interesses alheios ao bem comum.
Na Missa de celebração da festividades do Apóstolo Santiago, presidida por Dom Barrio na Catedral compostelana, o Arcebispo evidenciou a tentação de pensar que os direitos do homem "só são plenamente protegidos quando nos vemos livres de toda norma de lei divina".
Quando se pensa assim, acrescentou, "os direitos se vêem reduzidos a simples exigências pessoais e a falsas formas secularizadas de humanismo que semeiam confusão e debilidade moral distorcendo o plano de Deus sobre o amor e a fidelidade, sobre o respeito à vida em todas suas etapas naturais, sobre a vivência do tesouro da afetividade e sobre o matrimônio, essencialmente heterossexual".
Dom Julián Barrio –que concelebrou a cerimônia solene com 52 Arcebispos, bispos e sacerdotes da Galícia, do resto da Espanha e do estrangeiro–, afirmou em sua resposta à Oferenda Nacional realizada pelo Rei Juan Carlos que "o homem não pode sobreviver sem a verdade e a força do cristianismo é sua verdade interna".
"Esta é a esperança segura do cristianismo, seu desafio e sua exigência quando o laicismo se apresenta como dogma público fundamental e a fé é simplesmente tolerada como opinião privada, embora deste modo não seja tolerada em sua verdadeira essência", disse o Arcebispo.
Neste contexto, Dom Barrio afirmou que a doutrina social da Igreja "considera que o sistema democrático funciona unicamente em uma consciência retamente formada e esta emudece se não está orientada conforme os valores éticos e morais fundamentais da dignidade da pessoa que podem ser colocados em prática inclusive sem explícita profissão do cristianismo".
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Laicismo: “quimera irreal e contraditória”
Mais adiante, Dom Julián Barrio assegurou que a laicidade "em sua versão extrema tornou-se laicismo com a prestensão marginalizar do espaço social a dimensão religiosa". A seu juízo, "toda tentativa de reduzir a laicidade a um espaço único não é mais que uma quimera irreal e contraditória".
O Prelado acrescentou que a comunidade política e a Igreja são entre si "independentes e autônomas em seu próprio campo, embora estão a serviço da vocação pessoal e social dos próprios homens através de uma sã cooperação entre ambas".
O Arcebispo de Santiago destacou que a Igreja "pode sempre e em todo lugar pregar a fé com verddeira liberdade e emitir um juízo moral também sobre as coisas que afetam a ordem política quando o exigem os direitos fundamentais das pessoas ou a salvação das almas".
Por outro lado, Dom Barrio acrescentou que a festividade do Padroeiro da Espanha é uma "chamado a fortalecer a convivência harmônica e a enriquecer a unidade com a pluralidade que nos é própria".
"Não é possível entender e servir de verdade a Espanha sem levar em conta raízes cristãs, chave para interpretar a riqueza cultural de nossa história, além de todo confronto desumanizador", acrescentou.