MILÃO, 7 de abr de 2006 às 18:36
O sacerdote Khalil Samir, professor do Pontifício Instituto Oriental de Roma e da Universidade São José de Beirut, afirmou que para mudar a mentalidade islâmica"que tem medo da realidade", é necessário "um enorme trabalho em nível educacional, nos colégios e universidades, atuando sobre os textos e sobre a formação dos professores".Em declarações ao jornal italiano Avvenire e reproduzidas pelo jornal La Razón da Espanha, o especialista em temas islâmicos, indicou que "o Ocidente ilustrado deveria ajudar os mais liberais a fazer-se escutar em seus países (islâmicos), contribuir para a difusão de suas idéias favorecendo a circulação e a tradução de suas obras, convidando-os a falar na Europa. Mas principalmente, é necessário realizar um enorme trabalho em nível educativo, nos colégios e universidades, atuando sobre os textos e sobre a formação dos professores".
"Um trabalho que precisará de gerações para que possa mudar lentamente uma mentalidade que tem medo da realidade. Como nos ensina o cristianismo, a razão não é um inimigo, mas aliada da fé", acrescentou.
O Pe. Samir explicou também que, atualmente, "no colégio, por exemplo, os métodos de ensino se apóiam na repetição e na memorização, mais que na argumentação lógica. Na família, a obediência que os pais exigem dos filhos não vem acompanhada quase nunca de uma motivação, mas sim de imposições, inclusive violentas".
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"E sob um perfil estritamente religioso -continuou- o Corão se aprende de cor e é aplicado de maneira mecanicista e literal: dado que, segundo o Islã, o texto foi transmitido diretamente por Deus a Maomé, contém já tudo que é necessário para a vida, e não se admite utilizar nenhuma interpretação".
"Se alguém disser que é necessário esforçar-se para procurar uma aplicação mais adequada à realidade atual, é acusado de ser um traidor do espírito mais autêntico do Islã e merece inclusive a morte por apostasia. O resultado é um mundo estático, auto-referencial, temeroso de enfrentar a modernidade", destacou.
O presbítero jesuíta precisou que essa mentalidade faz que as pessoas sejam "facilmente manipuláveis pelas palavras e as ordens dos radicais, que instrumentalizam o sentimento religioso com finalidades políticas e identificam o Ocidente com o Grande Satanás" e pôs como exemplo desta situação o protesto pelas charges de Maomé, nas quais não só fizeram represálias contra os autores, "mas também com os Governos dos países em que foram publicadas e, por extensão, com o Ocidente ou com os cristãos, com as trágicas conseqüências que vimos, como o assassinato do Pe. Santoro".
"Isto é típico de uma mentalidade que se esquece do valor da pessoa, afogando-a no grupo. É necessário exercer a razão, não deixar-se determinar pela emoção. Infelizmente, nos países islâmicos vive-se o sonho da razão", precisou o Pe. Samir.