O reboliço e a expectativa gerados pelo Evangelho gnóstico de Judas, revela "a profunda ignorância da mídia sobre história antiga em relação ao Evangelho gnóstico de Judas", afirma o editor da revista americana Crisis, Brian Saint-Paul, em uma carta aos leitores de 13 de abril.

Saint-Paul destaca que o documento é um dos tantos evangelhos gnósticos que "não oferece informação histórica confiável dos eventos que sucederam no primeiro século da história". Em resumo, o mencionado texto dificilmente "é um terremoto teológico", indica.

"O gnosticisimo é uma teologia parasita. Infiltra-se em qualquer religião ‘disponível’ e reescreve as escrituras e doutrina do ‘hóspedeiro’ para obter seu próprio benefício", explica o editor da Crisis e acrescenta que "com freqüência, os vilãos da religião original foram transformados em heróis na variação gnóstica".

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Saint-Paul destaca que um dos postulados do gnosticismo é a salvação através do conhecimento escondido ou secreto, e comenta que no início do evangelho gnóstico de Judas se diz que este é "o relato secreto de uma conversa entre Jesus e Judas Iscariotes".

"Embora o Evangelho de Judas não dê luzes históricas para a Cristandade, é uma descoberta significativo. Depois de tudo, é uma grande coisa que um texto antigo considerado perdido seja redescoberto, além de que o documento mostra o panteão celestial do gnosticismo do segundo século", anota.

Finalmente, Saint-Paul recorda as palavras de Santo Irineu de Lyon no ano 180, que comenta que não se pode confiar na historicidade do Evangelho de Judas: "(os gnósticos) declaram que Judas o traidor foi advertido de todas estas coisas, e que ele sozinho, ao conhecer a verdade como nenhum outro, cumpriu o mistério do engano. Por ele todas as coisas, terrenas e celestiais foram então confundidas". "Produzem uma história fictícia do estilo do Evangelho de Judas", conclui o editor.