VATICANO, 5 de mai de 2006 às 14:00
Em uma entrevista publicada pelo jornal espanhol "El País", o Cardeal Alfonso López Trujillo, Presidente do Pontifício Conselho para a Família, respondeu às polêmicas declarações do Cardeal italiano Carlo Maria Martini sobre o início da vida e o uso do preservativo para combater a AIDS.A entrevista, realizada pelo jornalista Néstor Pongutá, confrontou diretamente as opiniões expressas pelo Cardeal Martini com a posição oficial do Dicastério que preside o Cardeal colombiano.
Em relação à opinião do Cardeal Martini de que o preservativo pode ser considerado como "um mal menor" frente à SIDA, o Cardeal López Trujillo respondeu que "Ele pretende estar presente no campo pastoral. Não é essa atualmente sua tarefa. Martini é um especialista na Bíblia, e certamente falou a título pessoal. E os moralistas e as pessoas que tratem estas questões pastorais irão interpretar as coisas da forma correta. Mas o que sim posso dizer é que no Dicastério, ao qual eu sirvo há 16 anos, não há nenhuma instrução para apresentar nosso trabalho com algum tipo de novidade".
Falando sobre a existência de um "estudo" por parte da Santa Sé sobre o uso do preservativo, o Cardeal colombiano respondeu taxativamente "nenhum pontífice até agora abriu essa possibilidade. Não o fez Paulo VI, não o fez João Paulo II ao longo de 27 anos, nem o fez este Papa, que esta trabalhando muito pela família e pela vida. Tudo o que disse nestes últimos meses Bento XVI é recomendar a fidelidade, a continência, a castidade. A única que coisa que li até agora e isso é o que dá a plena segurança. O Cardeal Lozano Barragán, que é o Presidente do Pontifício Conselho para a Saúde, já declarou ao jornal Avennire que não recebeu jamais esse encargo".
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Com a insistência do entrevistador sobre sua opinião em relação ao dito pelo Cardeal Martini em referência ao uso do preservativo, o Cardeal López Trujillo insistiu que "essa é uma opinião pessoal que não se conhece no magistério. Até agora muitíssimos não vêem o caminho de aceitação. Mas advirto, em alguns casos poderia ser estudado pelas pessoas competentes e pelos dicastérios competentes. Mas por enquanto não há nada".
Sobre a opinião do Cardeal Martini em relação à possibilidade de considerar o aborto em caso de risco de vida da mãe, o Presidente do Pontifício Conselho para a Família responde que "isto só pode se explicar com uma má transcrição. Jamais, por nenhuma razão se pode eliminar a vida do inocente, e a vida do inocente é o feto. Jamais a Igreja reconheceu o aborto no caso de que a vida da mãe seja ameaçada pelo filho, nunca se permitiu e não se permitirá, porque é a única doutrina da Igreja. Eu acredito que nesse sentido o cardeal foi mal interpretado, porque uma pessoa tão importante com um vasto conhecimento sabe muito bem que a moral católica nunca disse outra coisa".
O jornalista conclui perguntando "O que o Sennhor tem a dizer ao Cardeal Martini?".
"Ao Cardeal Martini tenho um grande apreço. Quando tiver a oportunidade de vê-lo, conversaremos. E certamente me dará a boa notícia de que algumas de suas declarações levadas a mal".