MADRI, 20 de mai de 2004 às 11:43
Um artigo publicado no dia de hoje no jornal madrileno ABC revela algumas passagens do novo livro do Papa João Paulo II que narra algumas lembranças e meditações sobre sua vida como bispo e reflete sobre o ministério episcopal.
Em “Levantai-vos, vamos”, a obra autobiográfica publicada no dia de seu aniversário de número 84, o Santo Padre, narra a relação de sua vocação com o sacramento da Eucaristia.
“O manancial de minha vocação o encontro, palpitante, no Cenáculo de Jerusalém. Dou graças a Deus por ter podido rezar, durante o Grande Jubileu do ano 2000 ali, na ‘sala superior’ onde aconteceu a Última Ceia. Neste momento volto o pensamento naquela quinta-feira memorável, quando Jesus Cristo constituiu seus apóstolos em sacerdotes da Nova Aliança”, revela o Pontífice.
Em outra parte do livro de seis capítulos, João Paulo II oferece alguns pontos sobre a relação que deve ter o bispo com os cientistas. Segundo o Papa “é notório que não todos os bispos mostrem um interesse particular pelo diálogo com os estudiosos. Entretanto, em minha opinião, vale a pena que os sacerdotes e os bispos entrem pessoalmente em contato com o mundo da Ciência e seus protagonistas.
Nessa mesma linha, expressa que tanto bispos como presbíteros “devem manter uma relação estreita com a vida universitária: ler, reunir-se, discutir, informar-se sobre o que ali acontece”.
Uma lembrança especialmente emotiva é a que revela a influência sobre o coração do Papa o conhecido canto “Pescador de homens” no Conclave de 1978 e na atualidade. “‘Senhor, tu me olhaste nos olhos,/ a sorrir pronunciaste meu nome,/ lá na praia eu larguei o meu barco,/ junto a ti buscarei outro mar’”, cita o Pontífice.
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“O profundo significado dessa canção me sustentou quando tive que enfrentar a decisão do Conclave. Depois, ao longo do Pontificado, tive presente esta canção, que me cantaram na Polônia e em outros países. Escutá-la me lembra meus encontros de bispo com os jovens”, compartilha João Paulo II.
Em outra passagem de seu livro -que já se projeta como um novo sucesso editorial-, o Papa revela sua proximidade e esperança com relação às novas comunidades eclesiais que o Espírito Santo vem suscitando. “Vim mantendo proximidade com várias iniciativas novas nas quais sentia o sopro do Espírito Santo. Entretanto, apenas chegando em Roma encontrei o Caminho neocatecumenal e o Opus Dei, que constitui em Prelatura pessoal em 1982”.
Segundo o Papa, tratam-se de “dois fenômenos eclesiais que suscitam um grande empenho entre os leigos. Ambos nasceram na Espanha, um país que tantas vezes ao longo da história deu um impulso providencial para a renovação espiritual. Em outubreo de 2002 tive a alegria de declarar santo Josemaría Escrivá de Balaguer, fundador do Opus Dei, sacerdote exemplar e apóstolo dos leigos para os novos tempos”.
O Papa dedica algumas linhas aos mártires do século XX. “Em 1999 beatifiquei 108 mártires, vítimas do nazismo, entre os quais estavam três obispos. Um exemplo muito conhecido de sacrifício no martírio é o do franciscano polonês são Maximilian Kolbe, que deu sua vida em Auschwitz oferecendo-se por outro prisioneiro, um pai de família, que não conhecia. Mas há também mártires mais próximos a nossos dias. Lembro, com emoção, meu encontros com o cardeal François-Xavier Nguyen Van Thuan, testemunha da Cruz em seus longos anos de prisão no Vietnã”.
Por último, no epílogo do livro o Papa se dirige a seus irmãos bispos convidando-os a “levantar-se” e “ir adiante”. “Fazendo eco às palavras de nosso Mestre e Senhor, repito a cada um de vós, queridíssimos irmãos no Episcopado: ‘Levantai-vos! Vamos!’. Vamos adiante, fiando-nos em Cristo. Ele nos acompanhará no caminho até a meta que só Ele conhece”.