LA PAZ, 12 de jul de 2006 às 14:28
O Arcebispo de Santa Cruz de la Sierra, Cardeal Julio Terrazas Sandoval, chamou os bolivianos a defender o direito universal a professar uma religião e pediu ao Presidente Evo Morales não confundir um Estado laico com um laicista, porque este é hostil às religiões.
O Cardeal fez estas declarações depois que o Ministro da Educação, Félix Patzi, pediu durante a inauguração do Congresso Nacional de Educação, "não mais monopólio na educação de uma religião, mas respeito, direito e liberdade de praticar a fé que nos identifique, das religiões orientais até as que são praticadas por nossos povos originários, sem exclusão mas sim de mútuo respeito".
Diante disso, o Cardeal lembrou a posição da Igreja "quanto à matéria de religião, que supostamente o Governo quer suprimir". Indicou que "será defendido o grande princípio que é o direito universal para professar uma religião. Isto é irrenunciável e não se pode ser negociado. É a base que vai ajudar a formar uma família muito mais unida à causa do reino da justiça e da paz. E a construir um país em que não se viva sempre em sobressaltos".
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Por sua vez, o Bispo de El Alto, Dom Jesus Juárez, disse à imprensa internacional que há certas suspeitas de "um duplo discurso" do Governo sobre a matéria de religião. Semanas atrás, Patzi chamou a Igreja de "colonizadora" e anunciou que esta disciplina seria opcional. Dias depois, o Presidente Evo Morales contradisse seu ministro e afirmou que o curso de religião não seria retirado das escolas públicas.
Segundo o Ministro, existem grupos interessados em tergiversar o sentido da educação laica e em confrentar Igreja e Governo. Disse que nestes dias se reunirá com autoridades eclesiásticas para tocar o tema.
Por sua vez, o secretário nacional da Comissão Episcopal de Educação, Eduardo Gonzales, indicou que a Igreja não pretende ser a única religião. Acrescentou que o II Congresso de Educação, organizado pela Conferência Episcopal Boliviana (CEB), lembrou que "em virtude à liberdade religiosa, consagrada pela Declaração Universal dos Direitos humanos e a Constituição Política, os pais de família e os próprios educandos, têm direito de procurar para si, uma educação religiosa, de acordo com sua consciência e crenças religiosas, devendo os poderes públicos garantir o exercício dos direitos invioláveis do homem como é a liberdade religiosa".