LA PAZ, 14 de jul de 2006 às 14:12
O Ministro da Educação, Félix Patzi, comprometeu-se diante de um grupo de bispos a manter a disciplina de religião nas escolas, depois que os delegados da Conferência Episcopal Boliviana (CEB) decidiram se retirar do II Congresso Nacional de Educação por falta de diálogo e pela politização do mesmo.
Segundo a imprensa local, a reunião se realizou à noite e dela participaram o Bispo de El Alto, Dom Jesus Juárez; e o Bispo Auxiliar de Cochabamba, Dom Luis Sáinz. No encontro, Patzi afirmou que a matéria de religião continuaria e que os convênios Igreja-Estado seriam respeitados. "Reconhecemos a contribuição da Igreja na educação formal, na formação técnica e em outras áreas", indicou.
O Ministro disse que "a matéria de religião respeitará a diversidade de religiões e isso compartilhamos com a Igreja, todos têm direito a praticar a diversidade de outras religiões, nunca houve desencontro".
Dom Juárez reafirmou que o direito de receber uma formação religiosa nos colégios é fundamental e irrevogável. Explicou que em cada centro o ensino deve ser segundo a confissão do mesmo e que nos casos das escolas de convênio "os pais optarão por qual religião seus filhos serão educados".
Por sua vez, Dom Sáinz solicitou ao Governo "esclarecer e consensuar o conceito de educação laica para não ter incerteza", porque embora haja concordâncias, "é preciso discutir mais". Do mesmo modo, lembrou que a Constituição boliviana já respeita a liberdade de cultos e espiritualidades.
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Saída do Congresso por falta de condições
Por outro lado, enquanto se realizava a reunião entre o Ministro da Educação e os bispos, informou-se que a delegação que representava a Igreja decidiu abandonar o II Congresso Nacional de Educação "depois de uma análise profunda" sobre as condições do mesmo.
A Sala de Imprensa do Episcopado esclareceu que os delegados se retiraram "não pelo tema religioso, mas sim porque o Governo quer impor seu projeto de lei (de educação), atitude que impede de dialogar sobre aspectos que têm a ver com o futuro da educação boliviana". Um dos representantes, Alfonso Via Reque, advertiu que "a postura do Governo é totalmente fechada".
Desde que se iniciou o congresso, diversas delegações se retiraram porque, indicaram, o evento foi politizado segundo os interesses do partido de Governo, Movimento ao Socialismo (MAS).
Até o momento, além da Igreja, abandonaram o congresso a Central Operária Boliviana, Magistério Urbano, Confederação Universitária Boliviana, Federação de Juntas Vicinais de El Alto, os representantes das universidades privadas, e uma fração dos delegados indígenas.