Representantes de colégios católicos e evangélicos, assim como associações de pais de família, anunciaram a realização de mobilizações e marchas para defender o direito ao ensino religioso, depois de ser aprovada a educação leiga em um congresso educativo onde, denunciou-se, primou o interesse ideológico e político.

O Bispo de Potosí, Dom Walter Pérez, assinalou que em temas de educação e saúde não devem impor-se sectarismos como ocorreu em Sucre, sede do congresso, onde "as propostas do Governo se fizeram aprovar à força". Afirmou que "vamos continuar ensinando religião em nossas unidades".

Por sua vez, o representante da Junta Escolar de Pais de Família da Santa Cruz, Javier Soria, lembrou que é direito dos pais decidir se a educação de seus filhos é religiosa ou laica. "O Estado está querendo passar por cima da família", denunciou.

Depois de assinalar que não aceitarão "que se atente contra a identidade religiosa propiciada no seio familiar", Soria anunciou à imprensa que em 29 de julho realizarão "uma cruzada para defender a fé cristã, seus princípios e valores". "Manifestamos nosso repúdio às pretensões do Governo de eliminar o ensino religioso", afirmou.

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Por outro lado, o diretor do colégio Marista em Santa Cruz, José Antonio López, declarou a um meio local que "um colégio católico tem sua base" na educação "desde os princípios do Evangelho", transmitidos "através da formação ética moral dentro dos princípios de amor, justiça, paz, solidariedade".

Indicou que se deseja o diálogo "e que as coisas se acalmem". Disse que "quer seja nos meios e as formas que pudermos, vamos dizer a verdade, que a Igreja é um ente servidor da sociedade e que em Santa Cruz existe 85 por cento (da população) que se declara católico".

Na sexta-feira passada, os participantes do II Congresso Nacional de Educação aprovaram um anteprojeto de lei que estabelece a educação laica, a pesar de que dias antes o Ministro da Educação, Félix Patzi, comprometeu-se com os bispos em manter a disciplina de religião.

Durante a realização do evento, organizações como a Central Operária Boliviana, o Magistério Urbano, representantes das universidades, da Igreja, entre outros, decidiram retirar-se ao denunciar que não existiam condições para o diálogo e o consenso, e que o objetivo do congresso era aprovar um texto elaborado pelo Governo.