LA PAZ, 26 de jul de 2006 às 15:14
Nesta manhã, o Presidente da Bolívia, Evo Morales, juntou-se aos ataques que na véspera o Ministro da Educação, Félix Patzi, arremeteu contra os bispos bolivianos devido às reações contra o projeto de lei de Educação que dilui o ensino da religião católica nas escolas.
Em junho passado, Patzi abriu a polêmica ao declarar que a religião católica não seria "a oficial" nas escolas e que a substituiria por um curso de idiomas nativos. Seu anúncio suscitou numerosas marchas de protesto. Então se reuniu com os bispos e se retificou.
Entretanto, o Congresso Nacional da Educação da Bolívia liderado por Patzi aprovou faz duas semanas uma resolução que textualmente assinala: "A educação na Bolívia é laica, pluralista porque respeita a espiritualidade de cada cultura, a liberdade de crenças, promove os valores próprios e rejeita todo tipo de dogmatismos".
Este Congresso decidiu, com efeito, manter o ensino da religião como disciplina nas escolas, mas seus conteúdos serão adaptados em função das diversas crenças que há no país, conforme disse ao jornal La Imprensa, Raúl Copa, presidente da Comissão de Marco Político e Filosófico do evento.
A reação da sociedade civil não se ez esperar, com novas marchas tanto alunos e pais de família reclamam a renúncia de Patzi.
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Nesta junta, um alterado Patzi assinalou que "estão dizendo que nós vamos destruir à Igreja, suas crenças, que falso! Monsenhores, não mintam para o povo, dêem toda a verdade, a verdadeira cara. A verdade não se destrói. A hipocrisia qualquer hora cai".
Diante de uma nova manifestação de estudantes em Tarija que saíram a defender a disciplina de religião, Patzi afirmou que "a Igreja agora mostra sua cara verdadeira. A Igreja está, agora sim, do lado da oligarquia, porque a Igreja faz 514 anos que esteve a serviço da oligarquia e dos ricos. Isso ninguém pode desmentir".
Embora se esperava que o Presidente Morales corrigisse as declarações de Patzi, o mandatário optou hoje por juntar-se aos ataques.
Morales acusou os bispos de agir "como nos tempos da Inquisição", em declarações a um grupo de jornalistas ao sair do Palácio de Governo. Insistiu em que seu governo respeitará a religião como matéria mas não esclareceu dissolução da fé católica nos programas escolares. Em troca, argüiu que os bispos querem "procurar certa ostentação de poder ainda".
Até o fechamento desta edição se esperava uma reação oficial do Episcopado Boliviano.