ROMA, 9 de ago de 2006 às 14:52
Dom Giulio Einaudi, que se desempenhou como Núncio Apostólico em Cuba desde 1980 até 1988, considerou que sim pode ser uma transição sem violência na ilha, enquanto o mundo espera notícias sobre a saúde do mandatário Fidel Castro.
Em declarações ao jornal chileno El Mercúrio, o Arcebispo explicou "pode ser uma transição sem violência, depende de como se trate este assunto. Pessoalmente, acredito que pode correr por vias normais, depois de tantos anos de revolução.
"Se a comunidade internacional souber se aproximar de Cuba mediante o diálogo, a situação pode evoluir de forma muito positiva", declarou.
Também se referiu, entre outros temas, ao transferimento de poderes de Fidel Castro a seu irmão Raúl. Em sua opinião, este "teria uma boa capacidade para conduzir o país a uma evolução pacífica e normal".
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Sobre este governo interino, Dom Einaudi considera que "sua limitação pode ser também sua força, já que ele esteve ao lado do Fidel todos estes anos; portanto, conhece totalmente a situação. Depende como quererá arrumar os assuntos neste período de transição, que ainda não se sabe se será de transição. Depende muito dele e dos poderes que efetivamente possa exercer"; embora na opinião do Prelado ainda é cedo para falar de um período posterior a Fidel, "não podemos dizer se começou verdadeiramente uma era pós Castro; não podemos dizer isso, porque pode ser que melhore e retorne".
Sobre o comunicado da Igreja em Cuba no qual os bispos manifestaram que jamais aceitariam nem apoiariam intervenção estrangeira alguma, o Prelado assinalou que o Arcebispo de Havana, Cardeal Jaime Ortega, "é uma pessoa muito prudente e capaz para enfrentar esta transição".
"Nós como Igreja não nos situamos em alternativas políticas: sim podemos acompanhar a evolução dos acontecimentos, e também chamar à oração, mas nada mais. E foi isto o que se fez quando a Igreja cubana chamou os fiéis a rezar para que o Senhor possa acompanhar Castro nestes difíceis momentos, que são duros para ele, mas também para toda a população cubana", precisou o Ex-núncio.
Ao falar do tempo que serviu como Núncio Apostólico em Cuba, recordou que "houve uma boa relação com o doutor Felipe Carneado –o responsável então do Comitê Central do Partido Comunista para as relações com a Igreja–. Quase todos os diaa nos reuníamos para analisar as coisas cotidianas da Igreja; quer dizer, a possibilidade de ter mais sacerdotes e religiosas, facilidades para importar literatura, abrir outros lugares de culto, etc.".