LIMA, 15 de ago de 2006 às 14:20
Durante um congresso organizado pela Conferência de Religiosos e Religiosas do Peru (CONFER), ramo local da Confederação Latino-americana de Religiosos e Religiosas (CLAR), lançou-se em Lima um duro ataque contra os novos carismas, espiritualidades e movimentos, no marco de um Seminário Teológico convocado na capital peruana sem a devida autorização da autoridade eclesiástica local.
O Seminário, intitulado "A vida religiosa em perspectiva do Reino", começou nesta segunda-feira, 14 de agosto, no Colégio de Jesus com a participação do hoje sacerdote dominicano Gustavo Gutiérrez Merino, impulsor da vertente marxista da teologia da libertação; o marianista espanhol José María Arnaiz –autor da controvertida conferência "A Igreja a ti confiada. O legado e a proposta de Bento XVI", em que pretende ditar uma agenda ao pontificado–; e o sacerdote beneditino Simón Pedro Arnold, dirigente do "Instituto de Estudos Aymaras".
Durante sua conferência, o Pe. Arnold, promotor do que ele mesmo chama a "re-fundação da vida monástica" e inclusive a "re-fundação da Igreja", pois conforme sustenta "sente-se cada vez mais a disfunção, o impasse e até o escândalo histórico de práticas institucionais a todos os níveis do corpo visível da Igreja", criticou duramente a todos os novos movimentos e associações eclesiásticas, assim como a Prelatura do Opus Dei, e classificou de "distorção e erro" a alternativa que estes propõem à vida da Igreja.
Como resposta à crise da vida religiosa, o beneditino propôs "uma re-fundação das congregações religiosas de uma teologia da libertação renovada" que incorpore outros temas atuais "como a ecologia".
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Por outro lado, e diante de um auditório composto quase totalmente de religiosas, noviças e agentes pastorais femininas, o Pe. Arnaiz abundou na mesma linha que o religioso beneditino. E embora tenha expressado sua "admiração pela vitalidade" dos movimentos eclesiais, insistiu que a "concepção cultural" que estes expressam "não constitui a resposta à necessidades de hoje".
Em sua opinião, a chamada "re-fundação da vida religiosa" é "a alternativa" diante das exigências da Igreja no mundo de hoje. A tarefa é procurar "re-fundadores" que realizem a tarefa.
Como exemplo de uma refundação "bem-sucedida" das ordens e congregações religiosas, o marianista espanhol destacou a obra do Pe. Pedro Arrupe, SJ, quem fora Prepósito General da Companhia de Jesus durante a época que seguiu ao Concílio Vaticano II.
Durante o evento, que se prolongará até 17 de agosto, realizam-se "reuniões reservadas" para uns dez grupos "mais comprometidos", onde se discutem temas como os meios para levar adiante a "refundação" da vida religiosa e a Igreja, assim como as propostas que neste sentido a CONFER e a CLAR apresentariam a V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano que se realizará no Santuário Mariano de Aparecida (Brasil) em maio de 2007.