BUENOS AIRES, 31 de ago de 2006 às 18:26
Um fiscal federal admitiu que o Ministro da Saúde, Ginés González García, mentiu ao difundir estatísticas falsas de supostos abortos clandestinos realizados no país, mas desprezou o pedido de iniciar um processo em seu contrário aduzindo que mentir não é crime.
A organização Portal de Belém denunciou o Ministro da Saúde por difundir falsamente que na Argentina são realizados 500 mil abortos clandestinos ao ano, “com o objetivo de intimidar e confundir a sociedade argentina, de forma a obter o consenso social para a legalização do aborto”.
A denúncia foi refutada em primeira instância pelo que se propôs uma apelação. Durante a audiência oral e pública de apelação celebrada na Câmara Federal de Córdoba, o fiscal federal A. Ferrer Vera reconheceu que o Ministro mentiu mas solicitou a desconsideração da denúncia.
“Ainda sendo extremamente falsa em sua quantidade, o número de abortos manifestado pelo Ministro, tal falsidade não constitui uma ação penalmente reprovável, toda vez que faltar publicamente a verdade, magnificando um fato da realidade, que existe independentemente da controvérsia sobre o número, com uma finalidade exclusivamente política, como refere o denunciante, aos efeitos de instalar uma discussão de igual teor, carece absolutamente de transcedência penal”, indicou.
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Além disso, insistiu em que “é claro que as novas manifestações vertidas pelo Ministro da Saúde da Nação, as que fossem reproduzidas pela imprensa oral e escrita , constituem objetivamente a difusão de quantidades falsas de abortos”.
Diante do ocorrido, Portal de Belém reiterou que “o Governo Nacional se encontra em uma franca campanha de confundir a população e prepará-la assim para a legalização do aborto, difundindo estatísticas falsas, e além disso utilizando covardemente o debate sobre o direito à vida de crianças inocentes, para desviar a atenção da sociedade”.
Segundo a organização, os tristes casos de duas jovens incapacitadas em La Plata e Mendoza que ficaram grávidas por uma violação e finalmente abortaram teriam sido usados como cortinas de fumaça.
“Baste recordar que a incrível situação das malas de drogas, que eram levadas massivamente ao exterior por uma empresa aérea financiada pelo Estado Nacional, saiu à luz, dois dias antes de que o Ministro González García, iniciasse publicamente sua campanha para legalizar o aborto, e logo depois de que o Ministro propôs a questão, esta notícia casualmente diluiu a anterior”, indicou a entidade em uma nota assinada por seu presidente, Aurelio García Elorrio.