SAN JOSÉ, 9 de set de 2006 às 06:27
O Secretário do Pontifício Conselho Justiça e Paz, Dom Giampaolo Crepaldi, lembrou o direito dos países necessitados a seu pleno desenvolvimento e indicou que para isso se requer um "combate à pobreza e as desigualdades"."Um humanismo integral e solidário requer a promoção do direito ao desenvolvimento. São sobretudo os países mais pobres e necessitados que esperam a plena realização deste direito", afirmou o Prelado no marco da Segunda Semana Social da Costa Rica. Acrescentou que muitas pessoas "vivem uma vida sem esperança" por causa da extrema pobreza que experimentam.
O Arcebispo indicou que o Compêndio da Doutrina Social da Igreja ensina que o mercado deve ser regulado "porque não é justo que todos os bens passem por ele". Afirmou que "a pessoa humana não pode ser objeto de mercado".
Nesse sentido, explicou que na regulação do mercado participam diversos sujeitos. Entre eles, indicou, "suas próprias regras: transparência, conhecimento, confiança, competência leal, democracia econômica". Assim como a ética nos agentes econômicos e empresários, e a cultura de um povo.
"O mercado vive sempre dentro de uma cultura, o mercado em estado puro, como um mero fato técnico, não existe: os vínculos sociais de solidariedade, os modelos de comportamento são de vital importância para dar alma ao mercado", afirmou.
Dom Crepaldi destacou que nesta regulação também tem importância "o conflito legítimo das partes sociais", traduzido nas negociações entre empresários e sindicatos. "Um sadio conflito social não foi nunca condenado pela Igreja que, mas bem, vê como um fator de progresso contanto que jamais seja um conflito violento e ideológico", explicou.
Por outro lado, afirmou que o mesmo "humanismo integral e solidário" exige aos cristãos "uma colaboração inteligente e ativa na construção da comunidade política e da democracia conforme as exigências do respeito da dignidade da pessoa humana".
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"A solidariedade vem antes dos direitos individuais e lhes dá fundamento: os direitos não devem ser considerados como bens subjetivos que a serem aproveitados privadamente, mas sim como o reconhecimento de talentos que se devem pôr a disposição de um projeto comum, assumido como um dever", afirmou.
Encontrar Cristo
Por sua vez, durante a exposição "A ética cristã: caminho da vida pessoal e social", o Coordenador Geral do Movimento de Vida Cristã, Eduardo Regal, destacou a necessidade de que o ser humano entre em si mesmo e se conheça para entender qual é sua missão. Disse que para isso o primeiro passo é encontrar Cristo, que é o único que pode lhe dar respostas.
"Na medida em que os governantes se mantenham longe de Deus, suas obras carecerão de bondade e bem-estar para a sociedade, portanto, a chave é manter-se em Jesus que é modelo", afirmou o também Vigário Geral do Sodalício de Vida Cristã.
Acrescentou que quando o homem responde ao chamado de Cristo à santidade se dará "uma verdadeira mudança", pois suas ações estarão orientadas "a uma transformação da sociedade".
A Segunda Semana Social da Igreja se realizou de 28 de agosto a 1 de setembro. Foi organizada pela Arquidiocese de São José, a Escola Social Juan XXIII e a Universidade João Paulo II. Também participaram o Arcebispo de Tegucigalpa, Cardeal Oscar Andrés Rodríguez; o Presidente das Semanas Sociais da França e ex-presidente do Banco Mundial, Michel Camdessus, entre outros.