LIMA, 26 de set de 2006 às 09:58
O Bispo da diocese andina de Cajamarca, Dom José Carmelo Martínez Lázaro, fez um chamado ao diálogo e a reconciliar ecologia e desenvolvimento em circunstâncias em que a região é cenário de protestos camponeses que exigem a paralisação das atividades de uma das companhias mineiras maiores do país.Ao fazer um repasse da doutrina da Igreja sobre ecologia, o Prelado constata em uma carta que "há uma dialética tensa entre o progresso e o bem-estar ecológico". Entretanto, assegura, "uma realidade não deve negar a outra, ao contrário são duas realidades que têm que se complementar mutuamente".
Deste modo pede não politizar a ecologia pois se trata de um assunto moral e não político: "Não se pode excluir uma atividade humana simplesmente porque polui. Deveríamos nesse caso excluir o transporte, eventualmente arriscado, ou os lixos provocados pelos mesmos homens ou produtos industriais. Consciência ecológica é principalmente uma questão moral. Questão moral e não política, que não se deve usar como um meio de manipulação, nem menos como óbice a um são e sustentável desenvolvimento".
Sacerdócio e política
Referindo-se, embora sem mencionar expressamente, à participação de um dos sacerdotes de sua diocese, o Padre Marco Arana, que através de uma ONG animou o levantamento dos camponeses contra as atividades da companhia mineradora e que cobrou a vida de uma pessoa, Dom Martínez recorda que a preocupação social da Igreja está marcada pela presença de um conteúdo transcendente e que os sacerdotes devem se dedicar às tarefas às quais se "comprometeram a oferecer sua vida no dia de sua ordenação".
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"As preocupações e as opções -assegura- que a favor da vida, do meio ambiente, ou de qualquer outro tipo de promoção humana que careça de um conteúdo transcendente, só pode ser uma ameaça, embora suas intenções sejam as melhores".
"Não é missão da Igreja misturar-se em nenhum tipo de contenda política ou de assumir tarefas que não lhe são próprias. As tarefas próprias da Igreja são: a proclamação do evangelho, da santificação por meio dos sacramentos e o serviço da caridade".
Considerando que "este exercício da caridade inclui às vezes implicar-se em tarefas sociais e políticas que as mais das vezes devem ser assumidas pelos leigos católicos", o Prelado pede, entretanto, que os clérigos "não participem de nenhum meio sindical ou organizativo que não tenha por finalidade uma tarefa especificamente eclesial" e que "ninguém que não seja especificamente designado pelo Bispo pode adotar a faculdade de pronunciar-se em nenhum sentido em nome da Igreja que foi a ele confiada".
Por último, Dom Martínez assegura que a Igreja diocesana por ele encabeçada "não tem nenhum elemento técnico para condenar o trabalho de mineração que se realiza em Cajamarca", exortando, entretanto a que "não se regulem os meios para evitar toda contaminação".
Por último, e antes de pedir às empresas mineradoras "transparência e solidariedade", o Bispo chama a "ver no progresso um bem que devemos não só apoiar mas também inclusive deve nos dar esperança" e assegura que "é a administração sábia e tira de nossos recursos um meio para sair de nossa pobreza e alcançar melhores níveis de vida".