LIMA, 20 de mai de 2004 às 18:47
Uma das profissionais médicas mais comprometidas com a defesa da vida no Peru, denunciou a manipulação da linguagem dos que promovem a pílula do dia seguinte como “anticoncepcional” e negam intencionalmente seu efeito abortivo.
Em um artigo intitulado “O debate em torno à ‘Anticoncepção Oral de Emergência’”, que a imprensa local se nega a publicar, a doutora Maíta García Trovato detalha o funcionamento da pílula do dia seguinte e denuncia que nos últimos tempos “assistimos a uma constante manipulação da linguagem que tende a esvaziar de conteúdos éticos ou a disfarçar o verdadeiro significado de determinadas palavras com propósito deliberado de modificar o conceito que a opinião pública tem sobre as mesmas”.
Segundo García Trovato, “basta recordar como exemplo, a substituição de homossexualidade por ‘opção sexual’, aborto por ‘interrupção da gravidez’ e mulher por ‘perspectiva de gênero’”.
Isto, acrescenta “é mais evidente quando se trata o tema da eufemisticamente chamada Anticoncepção Oral de Emergência (AOE). Somente a denominação traz a mensagem de estar diante de um anticoncepcional a mais. Mas “de emergência”. Isto é, para solucionar a conseqüência indesejável, chama-se bebê, que pode decorrer de uma relação sexual não protegida”.
“Assim se esquiva de revelar algo que hoje já não se discute que é o fato de que este produto tem três mecanismos prováveis de ação entre os quais está o de impedir a implantação do óvulo fecundado que os especialistas em fecundação assistida chamam com toda propriedade ‘embrião humano’”, denuncia.
García Trovato lembra que “este embrião humano, desde o momento da fecundação, constitui um ser com identidade genômica própria (tem um genoma diferente aos dos pais que lhe deram origem), com um sexo definido ( determinado pelo cromosomo sexual contido no espermatozóide) e possui os elementos e a capacidade necessários para comendar seu próprio desenvolvimento”.
“Quando implantado no útero, se chamará feto. Quando ao nascer venha ao mundo exterior, irá se chamar bebê. Nunca deixará de ser humano. Sua essência como tal não pode estar subordinada ao tamanho que tenha ou ao lugar onde habita”, adverte a especialista.
García Trovato denuncia que no Peru se utiliza “o mesmo esquema seguido em todos os países nos quais o aborto é ilegal”.
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“Para promover este produto mudaram a definição de gravidez e tomou-se uma nova acepção para a palavra ‘aborto’. Confudem a opinião pública apresentando a gravidez como se esta desse origem a um novo ser quando na realidade é o novo ser que dá origem à gravidez”, detalha.
Com esta manipulação, “para que exista uma gravidez é necessário a concepção de um ser humano e, por outro lado, é bem sabido que o embrião recém concebido - e antes de sua implantação – produz sinais biológicos em nível molecular que facilitam seu reconhecimento e preparam sua implantação , mantendo uma evidente comunicação com sua mãe praticamente desde o momento da concepção”.
Desta maneira, adverte García Trovato, “a discussão foi restringida ao início da gravidez mais que ao início da vida”.
A especialista afirma que não se diz que aborto “é a eliminação deliberada e direta, como quer que seja, de um ser humano na fase inicial de sua existência, que vai da concepção ao nascimento”.
“Recorreram às recomendações da Organização Mundial da Salud sem lembrar que não são mais do que isso: recomendações. A OMS, que foi objeto de muitos questionamentos, não pode intervir na assunção soberana de políticas públicas de nossos países. Pode opinar e recomendar. Deve respeitar”, esclarece.
Para García Trovato, “as pessoas têm o direito e o dever de estar plenamente informadas para tomar as decisões que julgarem pertinentes em relação aos diferentes métodos anticoncepcionais. E é em atenção a este direito que cremos que no que diz respeito à AOE não se está dizendo toda a verdade”.
“Uma parte da população está a favor dos anticoncepcionais, mas uma grande maioria está contra o aborto. Se obtiverem a informação relacionada com esta possibilidade ainda não descartada, irão abster-se de utilizar a AOE enquanto não for garantida a segurança absoluta de que não atenta contra vida nascente”, conclui.
Para ler o artigo completo em espanhol visite: http://www.aciprensa.com/vida/debate.htm