O Bispo do Mondoñedo-Ferrol, Dom. José G Escolano, reclamou ao Governo central que retire os projetos de lei que equipassem as uniões homossexuais ao matrimônio, a ampliação dos pedidos de aborto, assim como a lei que agilizaria o trâmite do divórcio porque "não vão contribuir absolutamente ao bem comum, nem ao bem da vida, nem ao da família", e sim à “degradação moral” da sociedade.

Trata-se de iniciativas governamentais "muito negativas" porque supõem uma "falta de respeito à vida", declarou o Prelado à Europa Press Televisão.

Deste modo sublinhou que, "estas leis não vão contribuir à elevação moral da sociedade, mas ao contrário, a sua degradação moral".

"Se for permitido romper a vida de um ser inocente e indefeso não vai contribuir para que no ambiente no qual estamos vá se apreciar mais a vida", assinalou. "Estamo-nos queixando de violência de gênero, vendo constantemente na imprensa um assassinato por aqui e outro por lá. Esta lei não vai contribuir para que haja mais respeito pela vida", acrescentou.

Igualmente, disse que equiparar o matrimônio a uma união de homossexuais "não vai contribuir a valorar a dignidade do matrimônio, a fidelidade mútua, a educação dos filhos, nem o ambiente familiar". "A aprovação de umas leis deste tipo não vai contribuir à elevação moral de nossa sociedade", reiterou.

Respeito ao anúncio de reformar imediatamente a Lei do Divórcio para que o processo dure menos de dois meses, Dom. Gea Escolano insistiu em que o matrimônio "é para sempre" e não se pode destruir, embora sim declarar sua nulidade "por uma série de circunstâncias que terá que demonstrar e aprovar em julgamento".

"Destruir o matrimônio por livre vontade dos contraentes não me parece que vá contribuir a estabilidade da família e, sobre tudo, tendo quanto aos filhos", destacou o Bispo.

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Sobre a investigação com células mãe embrionárias, Dom. Gea Escolano assinalou que "do momento em que se trata de um ser humano que está vivo ninguém pode ter sobre ele nenhuma potestade". "Quando se joga com a vida é absurdo", acrescentou.

Neste sentido, aprovou o emprego de células mãe que provenham de tecidos já de seres vivos, "e há quantidade de possibilidades", comentou a respeito. Entretanto, manifestou que "destruir uma vida humana para talvez melhorar outra é o que faziam nos campos de concentração". "Faziam experimentos para curar enfermidades com membros de outros prisioneiros", concluiu.

É impossível que a Igreja cale

Sobre o expresso em sua última carta pastoral publicada nesta terça-feira, em que denunciava as tentativas de amordaçar à Igreja, Dom. Gea Escolano reconheceu que sente que ao Governo “não gosta que a Igreja fale”. "Nos aconselha que nos metamos em legislações", comentou o Prelado em relação a certas declarações de "alguns altos representantes do Governo".

"Um bispo não pode calar-se porque não lhes interesse que muitos católicos de um partido ou de outro podem sentir-se motivados a dizer que não a estas leis", asseverou.

"Um parlamentar católico que queira ser coerente com sua fé não pode votar essas leis, nem por disciplina de partido, nem por perder o cargo", indicou. "A vida humana é algo que absolutamente não pode estar a livre disposição das autoridades", adicionou.

Dom. Gea Escolano disse acreditar que o Governo considera que a Igreja “molesta” nestes casos. "Se tiver uma linha que realmente é atacada do ponto de vista da Igreja e esta ensina a quão católicos isso não o podem permitir com seu voto e que é um pecado grave, logicamente molesta", explicou. "Aprovará-se ou não, mas que nos calemos é pensar no impossível", concluiu.