O Papa Bento XVI advertiu nesta manhã na Pontifícia Universidade Gregoriana que a cultura secular tende a corroer a capacidade do homem de "escutar a Deus" e advertiu que se prescindir do Senhor, o ser humano enfrentaria um destino de desespero e as ciências humanas não compreenderiam o homem.

Ao visitar o centro de estudos dirigido pela Companhia de Jesus, o Santo Padre pronunciou um discurso no qual assinalou que "hoje terá que ter em conta o desafio da cultura secular, que em muitas partes do mundo tende cada vez mais, não só a negar cada sinal da presença de Deus na vida da sociedade e da pessoa, mas sim com diversos meios, que desorientam e ofuscam a reta consciência do ser humano, trata de corroer sua capacidade de escutar a Deus".

O Pontífice considerou que o estudo e o ensino "para que tenham sentido em relação com o Reino de Deus, devem estar sustentadas pelas virtudes teologais. O objeto imediato da ciência teológica, em suas diversas especificações, é Deus mesmo, que se revelou em Jesus Cristo, Deus com um rosto humano".

Do mesmo modo, explicou que as outras ciências humanas, como a psicologia, as ciências sociais e a comunicação, "precisamente porque concernem ao ser humano, não podem prescindir da referência a Deus. O homem, tanto em sua interioridade como em sua exterioridade, não pode ser plenamente compreendido se não se reconhece aberto a trascendência".

Neste sentido, o Santo Padre disse que "privado de sua referência a Deus, o ser humano não pode responder aos interrogantes fundamentais que agitam e agitarão sempre seu coração no concernente ao fim, e portanto, ao sentido de sua existência".

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"Em conseqüência, nem sequer é possível incorporar na sociedade aqueles valores éticos que por si só podem permitir uma convivência digna do ser humano. O destino do ser humano sem sua referência a Deus não pode ser senão a desolação da angústia que conduz ao desespero", advertiu.

O Papa indicou que "só com referência ao Deus-Amor, que se revelou em Jesus Cristo, o ser humano pode encontrar o sentido de sua existência e viver na esperança, apesar da experiência dos males que ferem sua existência pessoal e a sociedade em que vive. A esperança ajuda a que o homem não se feche em um niilismo paralizante e estéril, mas sim se abra ao compromisso generoso na sociedade em que vive para poder melhorá-la".

O Pontífice destacou que a formação integral dos jovens é "um dos apostolados tradicionais da Companhia de Jesus" e lembrou que estão terminando a reforma dos Estatutos da Universidade e dos Regulamentos Gerais para "definir melhor a identidade da Gregoriana, permitindo a redação de programas acadêmicos mais adequados ao cumprimento da missão que lhe é própria".

"Como Universidade eclesiástica pontifícia –concluiu– este centro acadêmico está comprometido em ‘sentire in Ecclesia et cum Ecclesia’. É um compromisso que nasce do amor pela Igreja, nossa Mãe e Esposa de Cristo".